Capital

Moradores de Moema terão de deixar suas casas para prefeitura construir piscinão

A Prefeitura de São Paulo informou que vai desapropriar ao menos 12 casas da Avenida Ibijaú, esquina com a Avenida Alameda Jauaperi, no bairro de Moema, Zona Sul da capital, para a construção de um piscinão. A medida visa evitar as enchentes no local, que já causaram uma morte neste ano.

Os moradores do bairro começaram a ser notificados por cartas pela prefeitura. Segundo os comunicados, eles estão obrigados a fornecer dados dos imóveis para funcionários da prefeitura que vistoriam a região. Com esses dados, será feito um estudo de desapropriação.

Os moradores terão de sair de suas casas em até 1 ano e 6 meses, e a prefeitura promete pagar o valor dos imóveis e dar assistência a eles.

A desapropriação vai consumir uma área com um total de 2.765 mil metros quadrados.

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O bairro de Moema fica em uma região de várzea, próximo ao Rio Pinheiros, e muitas construções acabam sufocando o lençol freático – a reserva de água debaixo do solo.

Os moradores alegam que a desapropriação dos imóveis não é necessária, porque o que começou a causar as enchentes foram as construções de paredes de prédios, o primeiro em 2007, na Rua Gaivota. Além deste muro, existem vários outros que contribuem para agravar as enchentes ao impedir a água de passar para as vielas que ajudam a escoar a água da chuva.

Um dos moradores da área, Mauro Justino, que sofreu com um alagamento e conseguiu se salvar em meio a um temporal, questionou a decisão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) ao escolher desapropriar as casas e não focar nos muros dos prédios.

“Estou chocado e decepcionado com o prefeito. Nós tivemos esse problema desde 2007 quando foi invadido essas vielas sanitárias pelas construtoras dos prédios. O prefeito disse que ia tomar a solução para levantar e abrir as vielas que foram invadidas e agora quer desapropriar todos os nossos imóveis para fazer um piscinão”, disse Mauro Justino.

O secretário municipal de Infraestrutura Urbana e Obras, Marcos Monteiro, afirma que apenas a retirada dos muros não seria o suficiente para acabar com o problema de enchentes na região.

“Abrir a viela só ia jogar o alagamento mais para frente. A gente pioraria a condição dos condomínios mais abaixo. Todo o sistema de drenagem da cidade é planejado.”

O especialista Valter Caldana, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie, traz à tona os riscos da verticalização sem planejamento com a construção de arranha-céus nos miolos de bairros.

“Nós precisamos entender que inserir um prédio na cidade, construir um prédio na cidade, não é mais uma ação isolada dentro do lote. Quando você faz um prédio, é um prédio na cidade e tudo que você estiver fazendo, interfere na cidade como um todo”, afirmou Caldana.

A ideia da prefeitura é começar o projeto com a licitação, com a previsão do fim deste ano ou início de 2024.

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