Blokecore: tendência populariza uso de camisas de futebol na moda
De símbolo esportivo a ícone de estilo, a peça tem se consolidado como um elo entre o streetwear, a nostalgia e as tendências contemporâneas
As camisas de futebol deixaram de ser exclusivas dos estádios para se tornarem peças versáteis, presentes nos guarda-roupas de muita gente. Nos últimos anos, a tendência chamada de blokecore passou a combiná-las com calças sociais, bermudas e até sobreposições, adaptando-se a diferentes estilos e ocasiões. Celebridades e influenciadores, por exemplo, têm adotado a peça em eventos de moda, ressignificando seu uso e consolidando como um item de estilo urbano.

De onde vem o blokecore
O fenômeno conhecido como blokecore – junção das palavras “bloke” (gíria britânica para “cara”) e “core” (núcleo, essência) – mistura blusas de futebol com peças de streetwear, como calças cargo, bermudas oversized, entre várias outras combinações e acessórios. A tendência surgiu em 2021 e passou a ganhar mais força com a Copa do Mundo do Catar, em 2022.
A popularidade do estilo tem sido tão grande que só na rede social Instagram já existem mais de 134 mil publicações com a hashtag #blokecore. Segundo dados do Google Trends, o interesse pelo termo cresceu significativamente, atingindo picos de busca nos últimos 12 meses.
Esse movimento não apenas resgatou o uso das camisas de futebol no cotidiano, mas também promoveu uma ressignificação cultural. Para Lorenzo Merlino, estilista e professor da FAAP, em entrevista à Folha de S. Paulo, a tendência apresenta uma mudança na forma de se vestir.
“Foi uma quebra de paradigma, porque não era uma coisa que se usava, e isso meio que se incorporou em nosso cotidiano. Muitas mulheres hoje usam essa combinação, muitas coleções apresentam isso de vários jeitos diferentes”, explica Merlino.
O impacto no mercado
O aumento da demanda por camisas de futebol, especialmente as retrôs, impulsionou o mercado de moda esportiva. Brechós e lojas online registraram crescimento nas vendas, atendendo a um público que busca peças únicas e cheias de história.
Já existem brechós especializados exclusivamente nesse tipo de item, oferecendo uma ampla variedade de times e coleções. O interesse por peças vintage e personalizadas também contribui para a valorização do mercado de segunda mão e do upcycling, promovendo práticas mais sustentáveis na moda.
A influenciadora Nathália Silver compartilha, em suas redes sociais, dicas para quem busca esse tipo de peça em bazares e brechós. “Não há lugar melhor para encontrar roupas nesse estilo do que em brechós. O segredo é ir sem muitas expectativas, porque você precisa contar com a sorte. Eu gosto de ir com frequência, mas nunca buscando um item específico.”
Grandes marcas e grifes de luxo também passaram a incorporar elementos do futebol em suas coleções. Um exemplo é a Louis Vuitton, sob direção criativa de Pharrell Williams, que levou essa estética às passarelas. A espanhola Balenciaga entrou na tendência em 2024, lançando a coleção Football Series, com camisetas oversized que remetem ao visual das camisas de futebol, que chegam a custar até US$ 950.
Além da influência cultural, a tendência tem reflexos positivos na economia. Com a aproximação da Copa do Mundo, que será realizada no próximo ano, espera-se um aumento na produção e na venda de camisas, movimentando a indústria têxtil e gerando empregos. De acordo com pesquisa da ResearchAndMarkets.com, o mercado global de impressão de camisetas personalizadas pode alcançar US$ 7,57 bilhões até 2028.
A consolidação das camisas de futebol como um item de moda urbano revela uma mudança no consumo e também uma movimentação estratégica do mercado. Com o fortalecimento impulsionado por grandes marcas, influenciadores e eventos esportivos globais, a expectativa é de que a demanda continue alta nos próximos anos.