São Paulo

Comércio espera aumento de vendas no dia das crianças

Alana Gandra/Agência Brasil

Rio de Janeiro - A dona de casa Maria das Graças Benedito, 67 anos, compra presentes para o Dia da Criança no comércio da Saara (Fernando Frazão/Agência Brasil))

Dia da Criança, mais uma vez, deve ser de lembrancinhas, diz economista da CNC (Arquivo/Agência Brasil)

O Dia da Criança deverá movimentar este ano em torno de R$ 7,4 bilhões, com alta de 1,5% nas vendas em comparação com o ano anterior. Esta é a segunda alta consecutiva nas vendas do período constatada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O aumento será, porém, inferior aos 2,6% registados em 2017, em relação ao ano anterior. Em 2017, a movimentação no comércio, em termos reais (descontada a inflação), foi de R$ 7,3 bilhões.

Segundo o chefe da Divisão Econômica da CNC, Fabio Bentes, o ritmo de crescimento das vendas do comércio começou a cair em maio, por causa da greve dos caminhoneiros. “Dali em diante, as vendas começaram a crescer bem menos”, disse nesta terça-feira (9) o economista à Agência Brasil. O que explica a expectativa menor da entidade para o Dia das Crianças é o comportamento da taxa de câmbio que mudou de patamar, afirmou Bentes.

Isso afetou principalmente as vendas para o Dia da Criança, em que têm presença marcante itens importados. “Com o dólar mais caro, fica mais difícil para o comércio varejista manter uma inflação tão baixa quanto aquela que vinha apresentando recentemente”, acrescentou o economista.

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Bentes destacou que, pegando uma cesta de produtos dos bens e serviços mais demandados nessa data, a inflação está bem baixa nos últimos 12 meses findos em setembro. “Ela é inferior a 3%.” No entanto, ressaltou o economista, a inflação mais baixa não foi suficiente para fazer com que as famílias se animassem a comprar, principalmente a prazo.

Lembrancinhas

Embora o crédito também esteja mais acessível, Bentes destacou que existe uma clara aversão das famílias ao endividamento no momento atual, devido às incertezas que cercam a economia e às consequências deste ambiente sobre o mercado de trabalho. “O Dia da Criança deste ano deve ser de lembrancinhas, mais uma vez. Deve ser um dia fraco, como foram o Dia dos Namorados e o Dia dos Pais.”

Para Bentes, o fraco desempenho do comércio nessas duas datas comemorativas confirmou a tendência de desaceleração das vendas no varejo depois de maio. Em março e abril, o varejo registrou alta média superior a 8%. Entre maio e julho, o ritmo caiu para menos de 4%. “Então, houve ali [em maio] um divisor de águas no que se refere a consumo, principalmente nas vendas a prazo. O Dia da Criança é mais um termômetro da desaceleração do consumo neste momento.”

Ele disse que o desemprego não está aumentando, mas diminuindo baseado na informalidade, com vagas que oferecem salários médios menores, e que a taxa de juros ao consumidor tem recuado lentamente. Na opinião do economista, essas duas variáveis podem ajudar as vendas do Dia da Criança terem melhor resultado que o esperado. “Acho que existe aí um efeito desconfiança em relação a empréstimos e financiamentos, neste momento, por parte das famílias.”

Considerando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dos últimos 12 meses, a inflação ficou em 4,3%, contra alta de 2,4% nos itens e serviços preferidos para presentear as crianças. “É a menor inflação desde 2001, quando a CNC começou a fazer o levantamento, mas isso não está animando as famílias”, disse Bentes.

No caso dos brinquedos, por exemplo, a alta foi de 3,2% em 12 meses, acima da inflação de 2,1% registrada para o item no ano passado. “A percepção do consumidor de que o mercado do trabalho não está bom, de que a inflação começou a subir de forma um pouco mais acelerada depois da alta do dólar e da desvalorização do real, do ponto de vista do estímulo a consumo, a inflação para a cesta de produtos, embora menor que em 2017, para o carro-chefe da data, que são os brinquedos, está até um pouquinho maior,”

Segmentos

A CNC estima que os hiper e supermercados, com alta de 3,3%, deverão ter o melhor desempenho entre os setores relacionados à data. “Percebemos, nos últimos anos, um certo processo de concentração no varejo. E, como o varejo passou nos últimos anos por uma crise severa, e em 2017, alguns setores não haviam se recuperando ainda, aquelas grandes cadeias, que podem negociar melhor a alta do dólar e de trocar de fornecedor, estavam pondo nas prateleiras produtos menos ‘salgados’.

Por isso, Bentes disse acreditar que, neste Dia da Criança, o consumo tende a estar mais movimentado nas grandes cadeias do varejo do que nas pequenas lojas e nos produtos diretamente importados.

Da cesta de produtos mais procurados no período, as maiores quedas de preços em 12 meses foram as de chocolates em barra e bombons (-3,7%) e em bicicletas (-2,9%). Em contrapartida, os itens que mais subiram foram cinema (+4,3%), sapato infantil (+4,2%), lanche (+3,8%) e brinquedos (+3,2%).

Fabio Bentes lembrou que o Dia da Criança compete com o Dia dos Pais para ocupar o posto de terceira data comemorativa mais forte para o varejo, depois do Natal e do Dia das Mães.

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