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Afeganistão: EUA já retiraram mais de 80 mil pessoas

Refugiados desembarcam após retirada feita pelos Estados Unidos
(Daryn Murphy/Força Aérea dos EUA/via Fotos Públicas)

Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira (25/08) que mais 19 mil pessoas deixaram o Afeganistão no dia anterior. Com isso, aumentou para 82.300 o número total de pessoas que Washington ajudou a retirar do país desde 15 de agosto, e para 87.900 o número de pessoas retiradas de solo afegão desde julho, entre cidadãos americanos e civis afegãos sob risco.

A imprensa americana está classificando a operação como a maior “ponte aérea” da história militar dos EUA. Os números ultrapassam a quantidade de pessoas retiradas de Saigon, no antigo Vietnã do Sul, nos últimos dias da guerra no sudoeste asiático em 1975.

Porém, ficam atrás da maior operação aérea de civis ja registrada, que foi executada pela Índia em 1990, quando mais de 170 mil cidadãos indianos foram retirados do Kuwait ao longo de dois meses durante a Guerra do Golfo.

Segundo o jornal New York Times, o governo do presidente Joe Biden tem procurado destacar a escala da operação numa tentativa de mudar o foco das críticas sobre a rápida retomada de Cabul pelos terroristas do Talibã, após 20 anos de presença americana.

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No último domingo, como parte dessa tentativa de destacar algo positivo do fiasco militar, Biden chegou a mencionar a Ponte Aérea de Berlim, um sucesso militar americano (e britânico) da Guerra Fria, quando mais de 200 mil voos abasteceram o setor oeste da cidade alemã durante um bloqueio soviético que se estendeu por quase um ano.

Ainda nesta quarta-feira, os EUA afirmaram que darão prioridade à saída das suas tropas do Afeganistão nos “últimos dias” antes de 31 de agosto, mas asseguraram que continuarão a retirar os seus cidadãos e colaboradores afegãos até o fim, se necessário.

“Começaremos a priorizar a partida de equipamento e recursos militares, o que não significa que se houver pessoas necessitadas de sair do país não tentemos levá-las, mas reservaremos uma parte dessa capacidade nos últimos dias para dar prioridade à saída da presença militar”, disse o porta-voz do Pentágono, John Kirby.

Ele destacou que as vidas serão sempre mais importantes que qualquer tipo de equipamento militar na retirada do Afeganistão.

Os radicais islâmicos do Talibã rejeitaram um prolongamento da presença militar americana no país além de 31 de agosto, que consideram ser “uma linha vermelha”.

Os EUA já haviam anunciado que começaram a reduzir a sua presença militar, que havia sido reforçada neste mês diante do rápido avanço da ofensiva talibã no país.

O Pentágono confirmou na terça-feira à noite que “várias centenas” de soldados americanos já tinham deixado o Afeganistão, após cumprirem a sua missão no aeroporto de Cabul.

Kirby afirmou nesta quarta-feira que, em vez dos 5.800 dos últimos dias, os EUA têm, neste momento, 5.400 militares destacados no Afeganistão, com a missão concreta de proteger o aeroporto da capital.

Operação russa

Paralelamente, a Rússia lançou nesta quarta-feira uma ponte aérea para retirar do Afeganistão cerca de 500 cidadãos russos e de outros países vizinhos, informou o Ministério da Defesa russo em um comunicado.

As retiradas ocorreram com o apoio de quatro aviões militares, que transportaram russos e cidadãos de países membros da aliança militar Tratado de Segurança Coletiva, como Belarus, Quirguistão, Tadjiquistão e Uzbequistão.

São as primeiras evacuações do Afeganistão organizadas pela Rússia, cujo governo destacou que oferecerá voos de repatriamento a todos os cidadãos russos que desejarem sair do país.

A retirada sinaliza uma mudança de abordagem. Quando os talibãs retomaram Cabul, há dez dias, a Rússia optou inicialmente por uma atitude mais paciente, avaliando que o grupo estavam enviando sinais positivos para o mundo sobre o respeito das liberdades.

No entanto, em poucos dias, o Talibã, que ficou conhecido nos anos 1990 pela sua extrema brutalidade, logo passou a ser acusado de usar seus antigos métodos. Um porta-voz do Kremlin admitiu que a situação de segurança na capital afegã tem se deteriorado.

Por Deutsche Welle
jps/ek (Lusa, AP, AFP)

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