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EUA pressionaram Brasil a não comprar Sputnik V, diz relatório do governo Trump

(Arquivo/Alan Santos/PR)

Os Estados Unidos teriam persuadido o Brasil durante a gestão de Donald Trump a não comprar a vacina contra a covid-19 Sputnik V. A informação está em um documento do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (HHS, na sigla em inglês), publicado em 17 de janeiro, três dias antes da posse do presidente Joe Biden.

No entanto, não há detalhes de como essa “persuasão” teria sido exercida sobre o governo de Jair Bolsonaro.

O documento é um balanço sobre as atividades do departamento em 2020. Em uma parte do texto, que aborda como “combater as influências malignas nas Américas”, o Escritório de Assuntos Globais (OGA, na sigla em inglês) do HHS diz que “usou as relações diplomáticas na região para mitigar os esforços” de Cuba, Venezuela e Rússia, “que estão trabalhando para aumentar sua influência na região em detrimento da segurança dos Estados Unidos”. O trecho está assinado pelo então secretário de Saúde Alex Azar. Os países citados eram constantes alvos de ataque do governo Trump.

“O OGA coordenou esforços com outras agências governamentais dos EUA para fortalecer os laços diplomáticos e oferecer serviços técnicos e assistência humanitária para dissuadir os países da região de aceitar ajuda desses estados mal-intencionados”, diz o relatório.

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Nesta segunda-feira (15/03), o perfil oficial da Sputnik V no Twitter criticou o documento. “Os esforços para minar as vacinas são antiéticos e estão custando vidas”, diz a postagem.

Na sexta-feira passada, diante da escassez de vacinas e da lenta vacinação no Brasil, o Ministério da Saúde anunciou a compra de 10 milhões de doses da Sputnik V. Até abril, o Brasil deve receber 400 mil doses – o restante deve chegar até junho.

Também na sexta-feira, o Consórcio de estados do nordeste anunciou que negocia com a Rússia a compra de 39 milhões de doses da vacina, que ainda não tem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

De acordo com estudo divulgado na revista médica The Lancet em fevereiro, a Sputnik V tem eficácia de 91,6% para evitar casos sintomáticos de covid-19. 

Na semana passada, o chefe da Comissão Permanente de Vacinação da Alemanha, Thomas Mertens, elogiou a Sputnik V e disse confiar na aprovação dela pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA).

“É uma boa vacina, que provavelmente será em breve aprovada também na União Europeia”, declarou ao jornal alemão Rheinische Post. “Os pesquisadores russos têm muita experiência com vacinas. A Sputnik V é construída de forma inteligente”, acrescentou.

Vários países já estão utilizando a vacina russa, entre eles a Argentina. 

Por Deutsche Welle

le (ots)

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