Trump pede demissão de repórter da Fox News
No debate sobre supostos comentários depreciativos a respeito de soldados americanos mortos em guerra, o presidente dos EUA, Donald Trump, pediu a demissão de uma jornalista da emissora Fox News em postagens no Twitter neste sábado (05/09).
A repórter confirmou com duas fontes informações similares às reportadas pela revista The Atlantic na semana passada. Segundo a publicação, o republicano chamou de “perdedores” e “otários” soldados americanos mortos em combate durante a Segunda Guerra Mundial durante uma viagem à França em novembro de 2018, ao cancelar uma visita a um cemitério militar.
A desculpa oficial para cancelar o compromisso havia sido o mau tempo. “Por que eu devo ir até aquele cemitério? Está cheio de perdedores”, teria questionado Trump, antes de se referir aos militares caídos em batalha como “otários”, por não terem sobrevivido. Segundo o periódico, a principal preocupação de Trump era que seu penteado fosse afetado pela chuva.
A repórter da Fox News, Jennifer Griffin, disse que dois ex-funcionários do governo confirmaram a ela que o presidente “não queria ir homenagear os americanos mortos na guerra” no cemitério de Aisne-Marne, nos arredores de Paris, sugerindo que o clima não era um fator determinante.
Um funcionário do governo americano também disse a ela que Trump havia usado a palavra “otários” para depreciar os militares, mas em um contexto diferente, relacionado à Guerra do Vietnã.
“Quando o presidente falou sobre a Guerra do Vietnã, ele disse: ‘Foi uma guerra estúpida. Qualquer um que fosse era um otário'”, disse ela, citando o funcionário não identificado. “Era uma falha de caráter do presidente. Ele não conseguia entender por que alguém morreria por seu país, não valia a pena”, disse a fonte.
“Jennifer Griffin deveria ser demitida por este tipo de reportagem. Nunca nos ligou para comentar. @FoxNews se foi!”, escreveu Trump no Twitter.
Vários dos colegas de Griffin na Fox a defenderam publicamente no Twitter, junto com o congressista republicano Adam Kinzinger, que a chamou de “justa e sem medo”.
“Posso dizer que minhas fontes são incontestáveis”, disse Griffin no ar no sábado em sua emissora.”Minhas fontes não são anônimas para mim e duvido que sejam anônimas para o presidente.”
Trump tem se defendido furiosamente após a publicação do artigo no The Atlantic, tuitando e retuitando textos que condenam a revista como “fake news”. Ele chamou de “nojento” o editor-chefe do periódico, Jeffrey Goldberg, autor do artigo.
Até mesmo a frequentemente silenciosa primeira-dama veio a público defender seu marido. “Estes são tempos muito perigosos, quando se acredita mais em fontes anônimas do em todos os outros, e ninguém sabe a motivação delas. Isso não é jornalismo – isso é ativismo”, escreveu Melania Trump no Twitter.
Seu adversário democrata na corrida pela Casa Branca, Joe Biden, chamou os supostos comentários de “doentios”, “patéticos”, “não americanos” e “não patrióticos”, dizendo que, se Trump realmente descreveu os soldados americanos caídos como “perdedores” e “otários”, isso seria algo “nojento”. O filho de Biden, Beau, que morreu de um tumor cerebral em 2015, serviu na guerra do Iraque.
MD/afp/ap/dpa/rtr