São Paulo

Vítima inocentou: jovem deixa a prisão após 40 dias

 Por Paloma Vasconcelos

Heverton Enrique Siqueira ficou 40 dias preso mesmo após vítima de roubo declarar que ele era inocente; Justiça de SP determinou liberdade após denúncia da Ponte

Familiares de Heverton Enrique Siqueira, 20 anos, receberam com emoção e muitos abraços a saída dele do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Mauá, na Grande São Paulo, nesta quinta-feira (21/11), por volta das 10h. Heverton ficou 40 dias preso por um crime que não cometeu.

A Justiça de SP determinou a liberdade do jovem negro depois que a Ponte denunciou alguns erros no caso. O principal deles é que o reconhecimento foi feito de maneira irregular, já que Heverton só foi reconhecido quando foi obrigado a colocar um capuz, e foi invalidado pela vítima: no dia 22 de outubro divulgamos uma carta escrita de próprio punho pela vítima afirmando que Heverton não era o responsável pelo roubo de um carro em Sapopemba, na zona leste de São Paulo. Ele tomou essa decisão depois que tentou ir depor no 69º DP (Teotônio Vilela) para modificar o reconhecimento feito anteriormente e recebeu uma recusa.

Heverton recebe o carinho do cunhado na saída do CDP de Mauá, na Grande São Paulo (Reprodução)

Heverton foi detido no dia 10 de outubro enquanto fumava um cigarro em uma praça perto de sua casa. No dia seguinte, a vítima, que é motorista de aplicativo, percebeu que havia se enganado no reconhecimento e tentou reverter a injustiça, mas não conseguiu ser ouvido. Decidiu então escrever a carta e registrar em cartório.

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Trecho da carta com selo de autenticação

Além do engano reconhecido pela própria vítima, reportagem da Ponte apontou outros elementos que afastavam Heverton da cena do crime: o fato de que no horário do crime Heverton estava conversando com a namorada através de um aplicativo de mensagens e a distância de quase 2 km que separava Heverton do local do roubo.

Conforme apontado no alvará de soltura, Heverton não foi inocentado das acusações, mas conseguiu o benefício de responder em liberdade considerando que tem residência fixa e registro de trabalho. Na decisão, a juíza Teresa de Almeida Ribeiro Magalhães determina algumas medidas cautelares: Heverton não pode se ausentar da cidade sem aviso prévio durante a tramitação do processo, não pode frequentar bares, não pode se aproximar da casa da vítima e não pode ficar na rua no período noturno, salvo se estiver trabalhando. A primeira audiência do caso está marcada para dia 10 de março do ano que vem, quando a vítima, Heverton, os PMs envolvidos na prisão e testemunhas serão ouvidos.

*Esta reportagem foi publicada originalmente neste link: https://ponte.org/preso-por-crime-que-nao-cometeu-jovem-negro-deixa-prisao-na-grande-sp/

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