Polícia

Facções como PCC operam em todo país, diz promotor

Por Vinícius Lisboa

pcc facção 1
(Marco Gomes/Via Agência Brasil)

Mais de 90 pessoas foram presas hoje (15) na operação contra facções criminosas que reuniu ministérios públicos de nove estados, em diferentes regiões.

“O crime, infelizmente, se nacionalizou. É uma realidade nacional, as facções se espalharam e se transformaram em grandes empresas que têm esses vinculos em todos os estados da federação”, disse o presidente do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC), Alfredo Gaspar, em entrevista coletiva, na sede do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.

Segundo Gaspar, que também é o procurador-geral do Ministério Público de Alagoas, o combate ao crime precisa acompanhar o grau de integração e capilaridade das facções no território nacional.

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“As facções se fortaleceram demais no Norte e no Nordeste, mas deixaram tentáculos e o coração financeiro no Centro-Sul. Tem que se ter um olhar globalizado, se não, não vai conseguir combater.”

A operação cumpriu 305 mandados, sendo cerca de 190 de busca e apreensão e os demais de prisão. As ações ocorreram em Alagoas, Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Rio de Janeiro.

Pelo menos 25 pessoas foram presas no Ceará; 21 em Alagoas; 20 em flagrante no Amapá; 12 detidas na Bahia; 5 no Rio de Janeiro; 5 em Mato Grosso do Sul e uma no Amazonas. Os números devem ser atualizados ao longo do dia.

De acordo com Gaspar, a operação promove a integração entre os procuradores de cada estado e prestigia a independência dos ministérios públicos. “Demonstra também a necessidade de se manter nacionalmente o poder de investigação do Ministério Público.”

Associação ao tráfico

Uma das três operações em curso no Rio cumpriu mandados de busca e apreensão contra nove policiais denunciados por participar de esquema de recebimento de propina de traficantes de drogas. A ação se dá com apoio da Polícia Federal e da Corregedoria da Polícia Militar. O MP-RJ chegou a pedir a prisão dos militares, mas o pleito foi rejeitado pela Justiça.

Segundo o Ministério Público, os PMs recebiam vantagens indevidas para deixar de combater o tráfico na área do 9º Batalhão (Rocha Miranda) e também forneciam aos criminosos informações sobre operações policiais na região. As investigações apontaram que um policial vendia armas e drogas apreendidas em outras operações para traficantes da região do 9º Batalhão.

Sem detalhar valores, o promotor de Justiça Lúcio Pereira afirmou que as investigações chegaram a captar a movimentação de dezenas de milhares de reais por semana, em pagamentos aos policiais.

No grupo denunciado, há sete oficiais da PM, incluindo integrantes do Estado Maior do batalhão. Segundo o MP, foram cumpridos mandados de busca contra outros policiais que ainda não foram denunciados.

A denúncia contra os nove PMs já foi recebida pela Auditoria Militar, que deferiu o afastamento dos agentes públicos de suas funções, apesar de ter rejeitado a prisão dos acusados. Eles também responderão a processos administrativos que podem resultar em expulsão.

Até lá, os policiais não poderão andar armados nem entrar em quartéis, mas continuam a receber salários.

O porta-voz da Secretaria Estadual de Polícia Militar, Mauro Fleiss, disse que bons e maus profissionais existem em quaisquer profissões. “Reafirmamos nossa total intolerância contra qualquer desvio de conduta. A corporação vem se sacrificando a cada dia buscando resultados melhores, é um esforço muito grande, e não podemos permitir ações dessa natureza”.

Madureira

O MP-RJ também realizou hoje operações contra traficantes que atuam em favelas de Madureira, na zona norte do Rio, região dentro da área de atuação do 9º Batalhão. O grupo, da facção Terceiro Comando Puro, comercializava grande quantidade de armas e drogas, e disputava o controle de territórios na capital por meio de homicídios e corrupção policial.

Entre os denunciados que tiveram a prisão preventiva decretada pela 2ª Vara Criminal de Madureira está o acusado de chefiar o grupo, Wallace de Brito Trindade, conhecido como Lacoste.

A terceira ação deflagrada hoje no Rio de Janeiro mirou pessoas acusadas de atuar como laranjas que ocultavam recursos para a facção Comando Vermelho. As contas dos seis acusados teriam recebido, em um ano e 11 meses, 3.357 depósitos que somam mais de R$ 1 milhão. Os recursos seriam originados de diversos municípios fluminenses, o que, para o MP, evidencia que a ocultação se dava a favor de toda a facção criminosa.

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