Polícia

‘Colômbia’ teria mandado matar indigenista da Funai

Ruben Dario da Silva Villar, o Colômbia, é apontado como um dos mandantes do assassinato do colaborador da Funai Maxciel Pereira dos Santos, em 2019, pela Polícia Federal (PF). O crime ocorreu na Avenida da Amizade, em Tabatinga, distante 1.136 quilômetros de Manaus, quando Maxciel foi alvo de disparos na nuca, enquanto estava andando de moto com a esposa e a enteada.

Villar está preso desde dezembro de 2022, após ser indicado como mandante do assassinato do indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira e do jornalista Dominic Mark Phillips, no Vale do Javari. A PF reabriu as investigações sobre o assassinato de Maxciel, em setembro de 2022, três meses após as mortes de Bruno e Dom.

Quase quatro anos após o crime, ninguém foi preso e a PF pediu informações às autoridades do Peru e da Colômbia para identificar os executores, que poderiam ter cruzado a tríplice fronteira com os países vizinhos. A PF também trabalha com a hipótese da participação de pescadores ilegais que atuam na organização criminosa comandada por Colômbia na região do Vale do Javari, onde há um denso conflito entre os extratores, servidores da Funai e indígenas.

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Maxciel Pereira dos Santos, Bruno Pereira e Dom Phillips (via Agência Amazônia)

Além de Colômbia, outros três suspeitos de participarem da morte de Dom e Bruno estão presos: Amarildo da Costa Oliveira (Pelado), Oseney de Oliveira (Do Santos) e Jefferson da Silva Lima (Pelado da Dinha). Segundo o advogado Eduardo de Souza, defensor de Colômbia, ele não tem envolvimento com nenhuma das três mortes. Ao O GLOBO, Eduardo disse que Colômbia “não tem relação com esses fatos e não há prova material que comprove esses crimes”.

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A Polícia Federal (PF) teve acesso a uma lista de pessoas marcadas para morrer, onde constavam o nome de Maxciel, Bruno e outros servidores da Funai e da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), que atuavam rigorosamente contra a pesca ilegal no Vale do Javari.

Conforme apuração da PF, uma denúncia de Oseney da Costa Oliveira, contra Maxciel na Polícia Civil de Atalaia do Norte teria colaborado para ligar os envolvidos nos assassinatos. A denúncia foi registrada três meses antes da morte do ex-servidor, que segundo Oseney, teria causado “constrangimento” e agido com “ignorância” ao reprimir atividades ilegais nos rios Ituí, Itaquaí e Quixito. Maxciel já havia recebido ameaças de mortes meses antes de seu assassinato.

“As declarações do senhor Oseney têm o intuito de intimidar a presença do agente fiscalizador para manchar sua imagem e da Polícia Militar”, afirmou um dos quatro policiais militares que participaram de autuações de pescadores e testemunharam a favor de Maxciel.

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Ruben Dario da Silva Villar, suspeito de mandar matar indigenista Maxciel Pereira dos Santos. Ele foi preso por participação na morte de Bruno Pereira e Dom Philips (via Agência Amazônia)

Julgamento

As primeiras audiências de instrução e julgamento na Justiça Federal do que ficou conhecido como “Caso Dom e Bruno” iniciaram em Tabatinga nessa segunda-feira, 20, e devem ser encerradas na quarta-feira, 22. Durante os três dias, serão ouvidas 15 testemunhas, e três acusados vão depor por meio de videoconferência. As audiências definirão se os suspeitos vão a Júri Popular.

No processo, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou Amarildo da Costa Oliveira, conhecido pelo “Pelado”; Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Dantos”; e Jefferson da Silva Lima, conhecido como “Pelado da Dinha”, pelo assassinato das vítimas.

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