Política

PT prepara ato de rua contra o ex-presidente Jair Bolsonaro

Partido e movimentos sociais convocam manifestação para o dia 23 de março, mas setores do governo temem comparação com ato pró-Bolsonaro na Paulista. Oposição defende punição aos golpistas e respeito à democracia.

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Partido e movimentos sociais convocam manifestação para o dia 23 de março(Montagem – SP Agora)

O PT e o governo Lula (PT) estão preparando um ato de rua contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O partido e os movimentos sociais que apoiam Lula marcaram uma manifestação para o dia 23 de março, em várias cidades do país, mas alguns setores do governo são contrários à ideia, por receio de que o ato seja menor e menos expressivo do que o que reuniu milhares de bolsonaristas na avenida Paulista, em São Paulo, no último domingo (25).

A manifestação do dia 23 foi anunciada pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), nas redes sociais, como um Dia Nacional de Mobilização em Defesa da Democracia. O ato terá como um dos slogans “sem anistia, punição aos golpistas”, em oposição ao discurso de Bolsonaro na Paulista, no qual ele pediu anistia aos presos pelo ataque ao Congresso Nacional, em 8 de janeiro de 2023, que deixou 12 mortos e 47 feridos.

O ato é organizado pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que reúnem entidades dos movimentos sociais, sindicais, estudantis e populares, e conta com o apoio de partidos de esquerda, como PT, PC do B, PV, Rede, PSOL, PSB e PDT. Segundo os organizadores, o objetivo é defender a democracia, denunciar o golpismo e exigir a punição dos responsáveis pelo atentado de 2023.

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No entanto, dentro do governo, há quem considere que o ato é desnecessário e arriscado, pois pode gerar uma comparação desfavorável com o ato pró-Bolsonaro, que foi considerado um sucesso pelos apoiadores do ex-presidente. Além disso, há o temor de que o ato possa provocar uma reação violenta dos bolsonaristas, que ainda têm apoio de parte das Forças Armadas e de grupos paramilitares.

Segundo fontes do Palácio do Planalto, o próprio presidente Lula não está entusiasmado com a ideia de participar do ato, pois prefere manter uma postura de conciliação e diálogo com os demais poderes e com a sociedade. Lula, que assumiu o cargo em 1º de fevereiro, após a renúncia de Hamilton Mourão (PRTB), que assumiu a Presidência após a prisão de Bolsonaro, tem buscado recompor as relações institucionais e a governabilidade, abaladas pela crise política e pela pandemia de covid-19.

Por outro lado, a oposição a Bolsonaro defende que o ato é necessário e legítimo, pois expressa a indignação e a resistência de milhões de brasileiros que repudiam o golpe e defendem a democracia. Segundo os opositores, o ato também é uma forma de pressionar o Judiciário e o Legislativo a não cederem às pressões dos bolsonaristas, que pedem a anistia dos presos e a liberdade de Bolsonaro.

A oposição também argumenta que o ato será pacífico e democrático, e que não teme a comparação com o ato pró-Bolsonaro, que foi marcado por discursos antidemocráticos, ofensas às instituições e agressões a jornalistas. Além disso, a oposição afirma que o ato pró-Bolsonaro não representa a maioria da população, que rejeita o ex-presidente e apoia o governo Lula, segundo as pesquisas de opinião.

O ato do dia 23 faz parte de uma série de mobilizações convocadas pela oposição para os próximos meses, que incluem o Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, o aniversário de seis anos do assassinato da vereadora Marielle Franco, em 14 de março, e o Dia do Trabalhador, em 1º de maio. A oposição também pretende realizar um ato no dia 31 de março, para lembrar os 60 anos do golpe militar de 1964 e alertar para os riscos de novas tentativas de ruptura institucional.

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