Alemanha registra novos recordes na pandemia
Em meio ao avanço da quarta onda de covid-19 na Alemanha, o país registrou o novo recorde de 66.884 casos da doença em 24 horas, segundo dados divulgados pelo Instituto Robert Koch (RKI), agência de prevenção e controle de doenças, nesta quarta-feira (24/11). O número é mais de seis vezes maior que o registrado no Brasil na véspera.
A incidência de casos por 100 mil habitantes em sete dias no país europeu superou a marca de 400 pela primeira vez desde o início da pandemia, ficando em 404,5 nesta quarta. Há uma semana, a incidência de sete dias era de 319,5, e há um mês, de 106,3.
Nesta quarta-feira, também foram computadas 335 mortes em decorrência da covid-19, frente a 294 uma semana atrás, totalizando 99.768 desde o início da pandemia. Cem dos novos óbitos foram registrados somente na Baviera.
A Alemanha deve atingir ainda nesta semana o total de 100 mil mortes registradas ao longo da crise sanitária.
Atualmente, a situação é mais grave no sul e no leste do país. No estado da Saxônia, a incidência de sete dias está em 935,8. Na Turíngia, em 721,6. A seguir, vêm a Baviera, com 644,3; Brandemburgo, com 620,3; e Saxônia-Anhalt, com 616,5. Em todos esses cinco estados, a taxa de vacinação está abaixo da média nacional. A taxa de incidência mais baixa é a de Schleswig-Holstein, com 148,8.
O número de pacientes com covid-19 internados em UTIs está em alta no país. Nesta terça, eram 3.964, mais que o dobro do registrado um mês atrás.
Vacinação estagnada
De acordo com dados do RKI, um total de 68,1% da população da Alemanha está totalmente imunizada contra a covid-19. A taxa está praticamente estagnada há semanas.
A baixa taxa de vacinação é considerada uma das razões para o avanço da quarta onda da pandemia, e autoridades afirmaram que o país vive uma “pandemia dos não vacinados”. Especialistas dizem que, para controlar a pandemia de forma eficaz, é necessário um percentual de imunização superior a 75%.
A discussão sobre implementar a vacinação obrigatória contra a covid-19 vem ganhando força e, nesta semana, o ministro da Saúde, Jens Spahn, usou palavras drásticas para tentar motivar a parcela da população que ainda não foi imunizada a tomar a vacina.
“Possivelmente, ao fim deste inverno, praticamente todos aqui na Alemanha — isso às vezes é dito, de forma algo cínica — estarão vacinados, curados ou mortos. Mas de fato é assim”, disse Spahn.
Novas regras contra quarta onda
Nesta quarta-feira, entram em vigor novas regras para tentar conter a disseminação do coronavírus. Entre as principais medidas são a exigência da apresentação de um certificado de vacinação completa ou recuperação, ou um teste negativo de covid-19 nos locais de trabalho e em trens e ônibus – a chamada regra 3G, de “geimpft, genesen, getestet” (“vacinado, recuperado, testado”).
Empresas estão sendo encorajadas a deixarem seus funcionários trabalharem em home office quando possível. E visitantes e funcionários de casas de repouso agora precisam ser testados todos os dias, independentemente de terem sido vacinados ou não.
Além disso, em vários estados alemães entram em vigor nesta quarta a chamada regra 2G, que admite apenas as pessoas vacinadas ou recuperadas da doença em certos locais, e a regra 2G+, que admite apenas pessoas vacinadas ou recuperadas que também apresentarem um teste negativo.
Na Renânia do Norte-Vestfália, por exemplo, que é o estado mais populoso da Alemanha, a regra 2G+ passa a valer para discotecas e eventos relacionados ao Carnaval.
Na semana passada, o governo federal e governadores decidiram que a taxa de novas hospitalizações por covid-19 a cada 100 mil habitantes em sete dias seria a nova referência para a adoção de restrições em cada estado. Atualmente, ela está em 5,60.
Em estados onde a taxa de hospitalizações superar 3 por 100 mil habitantes, deve ser utilizada a regra 2G para regular a entrada de pessoas em bares, restaurantes e eventos. Se superar 6 por 100 mil habitantes, a regra 2G+ deve ser utilizada. E se a taxa superar 9 por 100 mil habitantes, os estados devem adotar restrições adicionais, como limites a reuniões pessoais e proibição de eventos.
Novo lockdown?
Nesta segunda-feira, a chanceler federal Angela Merkel afirmou que a situação no país é “altamente dramática” e que as medidas atualmente em vigor para conter a disseminação da covid-19 não são suficientes.
Na última sexta-feira, Spahn afirmou que o país enfrenta “uma emergência nacional” em relação à pandemia e, questionado sobre a possibilidade de o governo impor um novo lockdown a toda a população, ele respondeu: “Estamos em uma situação na qual não podemos descartar nada.”
Por Deutsche Welle
lf (Reuters, DPA, ARD, DW)