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Aumenta pressão para Trump deixar o cargo antes do fim do mandato

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, viu aumentar neste domingo (10/01) a pressão para que ele renuncie ao cargo antes do fim do mandato, em 20 de janeiro, após a violenta invasão do prédio do Congresso americano nesta semana, perpetrada por seus apoiadores.

Em seus últimos dez dias no comando da Casa Branca, o republicano – que por muito tempo se recusou a reconhecer a derrota nas eleições de novembro alegando fraudes no processo eleitoral – pode ainda ser alvo de um histórico segundo processo de impeachment.

Dois senadores do próprio partido de Trump já pediram a saída do presidente. Neste domingo, o republicano Pat Toomey, senador pela Pensilvânia, afirmou à emissora CNN que o chefe de Estado deveria “renunciar e ir embora o mais cedo possível”.

Com a posse do presidente eleito Joe Biden se aproximando – e o país sendo fortemente afetado pela pandemia de coronavírus, uma economia enfraquecida e uma polarização alarmante –, a renúncia “é o melhor caminho a seguir”, disse Toomey.

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Embora considere que Trump cometeu ofensas passíveis de impeachment ao insuflar seus apoiadores a marcharem em direção ao Capitólio, ele acredita que não há tempo suficiente para que um processo de destituição seja realizado antes de 20 de janeiro, por isso defende a renúncia. “Esse seria um desfecho muito bom”, afirmou.

O senador declarou ainda que, desde a derrota nas eleições, Trump “se rebaixou a um nível de loucura e se envolveu em atividades que eram absolutamente impensáveis”. Segundo ele, o comportamento do presidente após a eleição foi “totalmente diferente” do que era antes.

A primeira senadora republicana a defender a renúncia do mandatário foi Lisa Murkowski, do Alasca, que há tempos expressa sua insatisfação com a gestão de Trump à frente da Casa Branca. “Eu o quero fora [do poder]”, disse ela na sexta-feira.

Os pedidos de renúncia também vieram de deputados republicanos na Câmara dos Representantes, como Adam Kinzinger, de Illinois, que se manifestou neste domingo.

Kinzinger afirmou que, se um processo de impeachment contra Trump for aberto na Câmara, ele “votará da maneira certa”. Contudo, “honestamente não acredito que impeachment seja uma jogada inteligente, porque acho que vitimiza Donald Trump mais uma vez”, acrescentou.

Impeachment

Democratas ameaçaram abrir um novo processo de impeachment contra Trump, caso ele não renuncie ou o vice-presidente Mike Pence não invoque a 25ª emenda da Constituição americana para tirá-lo do poder – a emenda em questão pode ser promulgada se o chefe de Estado americano for incapaz de exercer as funções do cargo.

O deputado democrata Ted Lieu afirmou no Twitter que o processo será aberto pela Câmara nesta segunda-feira. Segundo o parlamentar da Califórnia, que ajudou a redigir as acusações contra Trump, o texto já tinha mais de 200 apoiadores até este domingo.

“Todos nós, incluindo a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, preferimos que Donald Trump simplesmente faça a coisa certa e renuncie, ou que o vice-presidente Mike Pence realmente mostre alguma coragem, pelo menos para si mesmo e sua própria família, e invoque a 25ª emenda”, disse Lieu à emissora CNN.

“Mas se nada disso acontecer, então na segunda-feira apresentaremos o artigo de impeachment, por incitamento à insurreição, e esperamos uma votação no plenário nesta mesma semana.”

Cabe à democrata Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes, abrir o processo de impeachment contra Trump.

Em carta aberta aos deputados no sábado, ela não usou o termo impeachment, mas disse ser “absolutamente essencial que aqueles que perpetraram o ataque à nossa democracia sejam responsabilizados”. “Deve haver um reconhecimento de que essa profanação [a invasão do Capitólio] foi instigada pelo presidente”, afirmou ela no texto.

Pelosi ainda pediu aos membros da Câmara – espalhados pelo país em meio a um recesso parlamentar de 15 dias – que “se preparem para voltar a Washington nesta semana”.

Mesmo que a Câmara, controlada pelos democratas, votasse a favor do impedimento do presidente, há temores de que o posterior julgamento no Senado possa demorar meses.

Processo anterior

Trump já foi alvo anteriormente de um processo de impeachment, que chegou a ser aprovado pelos deputados, mas rejeitado pelos senadores.

À época, o presidente foi acusado de abuso de poder e obstrução do Congresso, no escândalo envolvendo pedidos ao governo da Ucrânia para que investigasse o democrata Joe Biden, então pré-candidato à presidência dos EUA.

Os artigos de impeachment foram redigidos em 2019, e o julgamento no Senado foi realizado em janeiro de 2020. Controlada pelos republicanos, a Casa não considerou o presidente culpado de nenhuma das duas acusações, e ele foi absolvido. Uma maioria de dois terços dos senadores é necessária para uma condenação.

Maioria quer Trump fora antes do fim do mandato

Uma pesquisa de opinião divulgada neste domingo apontou que a maioria dos americanos quer que Trump deixe o cargo antes da posse de seu sucessor, em 20 de janeiro.

Segundo o levantamento feito pela ABC News e o instituto Ipsos, 56% dos entrevistados disseram que o presidente deveria ser removido do posto antes do fim do mandato.

Um percentual ainda maior, 67%, enxerga Trump como responsável pela violência perpetrada no Capitólio na última quarta-feira, que terminou com ao menos cinco mortos e foi condenada pela comunidade internacional.

Em ato insuflado pelo presidente, que vinha se recusando a reconhecer sua derrota nas eleições, o prédio do Congresso foi invadido violentamente por apoiadores de Trump, interrompendo uma sessão do Congresso que visava certificar a vitória de Biden no pleito.

A sessão, presidida pelo vice-presidente Mike Pence, foi mais tarde retomada e concluída ao longo da noite, com o anúncio do resultado final.

Por Deutsche Welle

EK/afp/ap/rtr/ots

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