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Boris Johnson renuncia à liderança do partido

Boris Johnson anunciou sua renúncia à liderança do Partido Conservador nesta quinta-feira (07/07), abrindo caminho para um sucessor no cargo de primeiro-ministro do Reino Unido e pondo fim a uma crise sem precedentes que paralisou o governo britânico.

Em pronunciamento diante de sua residência oficial e escritório na Downing Street, Johnson afirmou que “ninguém é indispensável”, mas que pretende permanecer no cargo de premiê enquanto seu partido elege um sucessor – um processo que pode levar meses.

“É claramente a vontade do Partido Conservador no Parlamento que haja um novo líder para o partido e, portanto, um novo primeiro-ministro”, disse Johnson, que afirmou estar triste por “abrir mão do melhor trabalho do mundo”.

Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, bate palmas enquanto olha para o lado.
Boris Johnson, primeiro-ministro britânico (Pippa Fowles/via Fotos Públicas)

Em protesto pelos seguidos escândalos envolvendo Johnson, mais de 50 membros do alto escalão do governo entregaram seus postos nos últimos três dias, pedindo a renúncia do premiê. Somente nesta quinta-feira, oito ministros renunciaram.

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Esta é a crise mais profunda enfrentada pelo premiê desde que venceu as eleições gerais de 2019. Há um mês, ele superou uma moção de desconfiança em seu partido, mas saiu com o poder enfraquecido da votação, que mostrou insatisfação de 41% dos parlamentares conservadores com sua gestão e com os escândalos que o afetam.

O premiê vinha se negando a deixar o cargo, apesar da revolta de colegas do próprio Partido Conservador.

“A renúncia dele era inevitável”, afirmou Justin Tomlinson, vice-presidente do Partido Conservador, nesta quinta. “Como partido, devemos agora nos unir e focar no que importa.”

Num sinal de total falta de apoio, o ministro das Finanças de Johnson, Nadhim Zahawi, que foi nomeado para o cargo nesta terça-feira, pediu que o premiê renunciasse. “Isso não é sustentável e só vai piorar: para você para o Partido Conservador e, mais importante, para todo o país. Você precisar fazer a coisa certa e sair [do cargo]”, escreveu no Twitter.

Alguns dos que permanecerem em seu cargos, incluindo o ministro da Defesa, Ben Wallace, afirmaram que só o fizeram por terem a obrigação de manter o país seguro.

Série de escândalos

Johnson chegou ao poder há quase três anos, com a promessa de concluir a saída do Reino Unido da União Europeia e pôr fim às amargas disputas que se seguiram ao referendo de 2016 sobre o Brexit.

Desde então, alguns conservadores apoiaram o ex-jornalista e ex-prefeito de Londres com entusiasmo, enquanto outros, apesar de ressalvas, o apoiaram porque ele conseguiu ter apelo entre parte do eleitorado que normalmente rejeitava o partido.

Mas a abordagem combativa e muitas vezes caótica de seu governo e uma série de escândalos esgotaram a boa vontade de muitos de seus legisladores, e pesquisas de opinião mostram que Johnson já não é mais popular entre a população.

A mais recente crise eclodiu após o então deputado do Partido Conservador Chris Pincher ser obrigado a deixar o cargo devido a acusações de ter “apalpado” dois homens.

Johnson teve que se desculpar depois de ter vindo à tona que ele foi informado de que Pincher já havia sido alvo de acusações de má conduta sexual antes de ter sido indicado para o posto de encarregado de disciplinar a bancada do Partido Conservador no Parlamento. O premiê disse que havia se esquecido do ocorrido.

O caso de Pincher junta-se a outros semelhantes no Partido Conservador nos últimos meses. Em meados de maio, um deputado suspeito de estupro foi preso e depois libertado sob fiança. Em abril, outro legislador renunciou por ver pornografia em seu celular. E um ex-deputado foi condenado em maio a 18 meses de prisão por agredir sexualmente uma menina de 15 anos.

Além disso, Johnson enfrenta uma investigação parlamentar sobre se ele mentiu em sua defesa sobre o chamado “Partygate”, as festas realizadas na residência oficial de Downing Street durante a pandemia de coronavírus.

A crise política soma-se, ainda, às dificuldades que o país enfrenta para se adaptar à saída da União Europeia (UE) em 2020.

lf (Reuters, AFP, AP)

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