Opinião

Cinco desafios das mulheres em inovação e como superá-los

Empresas diversas e inclusivas são mais criativas, dinâmicas, inovadoras e prósperas. Essa relação já foi comprovada em muitos estudos, mas, até hoje, são poucos os negócios que compreendem estas vantagens e buscam aplicá-las estrategicamente em prol de seu crescimento.

Ainda há um desequilíbrio de gênero nítido que dificulta o acesso das mulheres às mesmas oportunidades que os homens na área de inovação, evidenciando uma série de desafios que precisam ser imediatamente combatidos para abrir portas para que cada vez mais profissionais possam conquistar seus objetivos e contribuir para as empresas.

Compreender a fundo as pedras que estão no caminho é um passo importante para evitar que nós sejamos desvalorizadas, que fiquemos desmotivadas e, consequentemente, infelizes por não atingirmos nossos sonhos profissionais. Por isso, veja cinco desafios cruciais que devem ser superados:

#1 Formação: Nos últimos anos, foi observado um aumento esperançoso da quantidade de mulheres que se formam nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Entre 2010 e 2021, como exemplo, dados do Inep comprovam uma elevação de 96% no número de alunas que concluíram cursos superiores nessas áreas. Porém, ao ingressarem no mundo profissional, as barreiras começam a se erguer – limitadas por uma série de visões equivocadas que associam à figura masculina uma maior capacidade e preparo para inovarem nas empresas.

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#2 Pré-conceito: mesmo com uma formação cada vez melhor, não é incomum observar a associação deste mercado como uma área majoritariamente masculina, o que, por si só, já dificulta que as mulheres tenham as mesmas oportunidades. Por mais que já estejamos vendo uma mudança significativa nesse ingresso, essa ainda é uma visão prejudicial a elas – agravado, ainda, pelo papel que muitas recebem como sendo responsáveis pelo cuidado do lar e com a família. Essa divisão de responsabilidades desigual faz com que, muitas vezes, eles sejam os comandantes da inovação no mercado, e não elas.

#3 Cargos de liderança: fora a dificuldade em ingressar na área, há ainda uma barreira para aquelas que tentam alcançar cargos de liderança. Parte disso se justifica pela presença massiva de gerações mais antigas nesse posto, as quais ainda privilegiam os homens nos cargos mais elevados. Ao analisar a participação das mulheres em cargos de liderança, vimos que elas conseguem alcançar cargos gerenciais, mas ainda são minoria nas diretorias. Em dados divulgados no Panorama Mulheres 2023, como prova disso, hoje elas representam 21% dos membros dos conselhos administrativos e 17% das CEO das empresas brasileiras. A chegada das novas gerações no mercado pode contribuir para que essa realidade seja revertida, renovando o clico dos times empresariais.

#4 Maternidade: infelizmente, esse ainda é um tabu. Muitas empresas acreditam que mulheres que são mães não terão o mesmo rendimento e qualidade nas entregas. Esse é um pensamento completamente equivocado, mas que ainda é visto em muitas empresas. Não à toa, muitas costumam ser desligadas logo após seu retorno da licença-maternidade ou, ainda, nem chegam a avançar no processo seletivo quando questionadas sobre o tema pelos recrutadores. Assim, muitas chegam a repensar o sonho da maternidade por medo de esse ser um empecilho para seu sucesso profissional.

#5 Empreendedorismo por necessidade: diante destas dificuldades, muitas mulheres buscam abrir seus próprios negócios ou, ainda, migrarem para o setor informal, como forma de prosperarem em suas carreiras. Contudo, esse movimento é, muitas vezes, desencadeado por uma necessidade, ao invés de algo opcional ou uma oportunidade adquirida, e não necessariamente este empreendedorismo está voltado ao mercado de ciência e inovação. O resultado pode ser visto pelos números. Segundo dados do Mapeamento do Ecossistema Brasileiro de Startups de 2023, apenas 19,7% das startups são fundadas por mulheres.

Ao longo da história, as mulheres têm lutado cada vez mais por espaço, buscando eliminar barreiras e preconceitos que impeçam uma jornada profissional de sucesso, e no mercado de ciência e inovação não é diferente. Apesar de existirem muitos desafios, nós viemos demonstrando uma incrível persistência e resiliência, superando obstáculos para fazer descobertas significativas e avançar em seus campos de atuação.

A própria Agenda 2023 da ONU reforça a importância da igualdade de gênero como uma peça fundamental para o progresso dos países – afinal, é a partir da pesquisa científica que nascem soluções que mudam a vida de muita gente.

Existem muitos caminhos a serem percorridos para trazer mais mulheres à inovação e, quanto mais representantes tivermos, mais profissionais inspiradoras poderão fazer história, trazendo uma ampla diversidade de visões e pensamentos que contribuam para o desenvolvimento de inovações revolucionárias para nossa sociedade.

(Divulgação)

Renata Menezes é diretora de negócios do FI Group, consultoria especializada na gestão de incentivos fiscais e financeiros destinados à PD&I.

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