São Paulo

Cobrança por trecho percorrido em rodovias do litoral de SP gera críticas ao governo Tarcísio

O governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) retomou um projeto que prevê a privatização de rodovias no litoral paulista, incluindo a implantação de pedágios com um diferencial: o sistema eletrônico “free flow”, que permitirá a cobrança automática por trecho percorrido, em vez das tradicionais praças de pedágio. A iniciativa, que fazia parte do plano de gestões anteriores, agora traz à tona novas preocupações e gera reações contrárias até mesmo de aliados do governo, destaca o jornal Folha de S. Paulo.

Com o novo sistema, veículos serão identificados pela placa, possibilitando o pagamento da taxa através do site da concessionária. Essa opção também visa atender os veículos que não possuem dispositivos eletrônicos instalados no para-brisa, conhecidos como tags. O modelo “free flow” já está em testes na rodovia Rio-Santos (BR-101) e na Ayrton Senna, além de ser previsto para ser utilizado no trecho norte do Rodoanel.

No litoral sul, a proposta é cobrar um total de R$ 11,70 para percorrer pouco menos de 60 quilômetros, divididos em nove lotes de 6,6 quilômetros, com o preço de R$ 1,30 para acessar cada um. Esses detalhes foram compartilhados com vereadores da região pelo secretário estadual de Parcerias e Investimentos, Rafael Benini, em uma reunião em Itanhaém no início de julho, sendo confirmados posteriormente por parlamentares do município.

A ideia é que o sistema seja implantado nas rodovias Padre Manoel da Nóbrega e Cônego Domênico Rangoni, que ligam a capital ao litoral sul e à Baixada Santista, respectivamente. A previsão é que o edital seja publicado até o fim deste ano e o leilão ocorra no primeiro semestre de 2024.

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Entretanto, as informações já geram resistência entre políticos locais, mesmo entre aqueles que pertencem a partidos aliados ao governo Tarcísio. Uma das principais preocupações dos moradores é que a rodovia Padre Manoel da Nóbrega atravessa bairros de cidades litorâneas, o que poderia levar à cobrança para atravessar de um lado a outro do mesmo município ou para trajetos básicos, como ir ao supermercado ou ao pronto-socorro.

A alternativa de descontos para quem utiliza as pistas com mais frequência não tem sido suficiente para acalmar os ânimos dos críticos. Em Itanhaém, por exemplo, a cidade teme um aumento no tráfego de veículos no centro, com motoristas buscando evitar o pedágio. Há planos de construir avenidas locais ao lado da rodovia, onde não seria cobrado pedágio, e túneis que atravessariam a estrada por baixo. No entanto, ainda não há previsão para a construção de pontes que conectem essas avenidas locais, o que poderia levar à cobrança pela travessia de uma margem a outra do rio Itanhaém.

Em Mongaguá e Peruíbe, também no litoral sul, vereadores apresentaram moções contrárias ao projeto do governo estadual. Em Praia Grande e São Vicente, na Baixada Santista, houve manifestações populares contra o pedágio eletrônico. Em Santos e Guarujá, prefeitos e parlamentares se mostraram preocupados com os impactos da medida na economia e na mobilidade das cidades.

O governo Tarcísio defende que o projeto trará benefícios para o litoral paulista, como investimentos em infraestrutura viária e redução dos congestionamentos. Segundo a Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo), o sistema “free flow” é mais moderno, seguro e sustentável, pois evita as filas e as emissões de poluentes nas praças de pedágio.

A Artesp afirma ainda que o projeto está em fase de estudos e que haverá audiências públicas para ouvir a população e os representantes dos municípios afetados. A agência diz que o valor da tarifa ainda não está definido e que será calculado com base na menor oferta apresentada pelos interessados na concessão.

O projeto de pedágio eletrônico no litoral de SP gera polêmica e reação contra a gestão Tarcísio, que tenta retomar um plano de privatização das rodovias da região. O sistema prevê cobrança por trecho percorrido em rodovias que atravessam cidades litorâneas, o que pode afetar a rotina e o bolso dos moradores e turistas. O governo defende que a medida trará melhorias para o transporte e o desenvolvimento do litoral, mas enfrenta resistência de políticos e da sociedade civil.

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Ricardo Madureira
1 ano atrás

Ninguém aguenta mais pagar pedágio em São Paulo

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