Homem que invadiu Capitólio é condenado a sete anos de prisão
Um membro de uma milícia de extrema direita nos Estados Unidos que participou da invasão do Capitólio em janeiro de 2021 – quando uma turba de apoiadores do ex-presidente Donald Trump tentou interromper a confirmação da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais – foi condenado nesta segunda-feira (02/08) a sete anos e três meses de prisão.
Guy Reffitt, da cidade de Wylie, no Texas, tomou parte na invasão na sede do Congresso americano usando capacete, colete à prova de balas e portando uma pistola e algemas de plástico. Em março, ele fora condenado por um júri em cinco acusações, entre estas, porte não autorizado de armas no Capitólio e obstrução de procedimento oficial.
A sentença de Reffitt, que tinha 49 anos quando foi condenado em março, foi a mais longa imposta até o momento para acusados de envolvimento na invasão do Congresso, mas foi menos da metade dos 15 anos de prisão pedidos por um dos promotores que qualificou o extremista de direita como um terrorista doméstico.
Reffitt não chegou a entrar no Capitólio, mas imagens de vídeo o mostraram em meio à multidão e conduzindo outros extremistas por uma escadaria na parte lateral do edifício. Antes de se dirigir ao Capitólio, ele esteve no comício realizado por Trump, no qual o ex-presidente insuflou seus apoiadores a se deslocarem até a sede do Congresso.
Até agora, as punições mais pesadas associadas à invasão tinham sido de 5 anos e 3 meses, mas os dois réus que receberam essas penas aceitaram fazer acordos com a Justiça. Dos 13 julgamentos que já ocorreram de casos associados ao dia 6 de janeiro de 2021, os promotores federais somente tiveram negada uma das condenações.
“Caótico e confuso”
Segundo os promotores Reffitt, que integrava a milícia Texas Three Percenters (“Os três por cento do Texas”), disse a seus companheiros que planejava arrastar pelos tornozelos a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, para fora do Capitólio “com sua cabeça batendo em cada degrau” das escadarias.
Ele foi o primeiro a ser levado a julgamento por crimes cometidos naquele 6 de janeiro, quando os apoiadores de Trump conseguiram interromper a certificação da vitória democrata nas eleições. O juiz do caso ainda o condenou a três anos de liberdade vigiada após a prisão e impôs uma multa de dois mil dólares em restituições.
Reffitt, que já cumpriu 19 meses de prisão, recusou-se inicialmente a testemunhar perante o juiz, mas acabou mudando de ideia. Ele pediu desculpas aos policiais, mas não soube explicar o motivo pelo qual tomou parte nos eventos, dizendo que tudo estava “caótico e confuso”.
Ameaças ao próprio filho
A juíza do caso, no entanto, questionou a sinceridade Reffitt e lembrou que ele publicou declarações depois de preso onde se pintou, juntamente com outros detidos, como um patriota que se rebelou contra a “tirania” do governo americano. Ele disse que fez essas declarações para conseguir angariar dinheiro para sua família.
“A relutância do senhor Reffitt em admitir mais cedo que seu comportamento é ilegal é preocupante. E quero ser muito clara: não há qualquer definição legítima do termo ‘patriota’ que englobe o comportamento do senhor Refitt no dia 6 de janeiro ou nos seus arredores. É a antítese desta palavra”, disse a magistrada Dabney Friedrich.
Reffitt vivia com sua esposa e filhos, um dos quais relatou durante o julgamento que foi ameaçado pelo pai caso o delatasse. “Ele me disse: ‘se você me entregar, você é um traidor, e traidores são baleados’.”
rc (AP, Reuters)