Leão de Ouro em Veneza consagra Nomadland
O drama americano Nomadland, da diretora Chloé Zhao, ganhou neste sábado (12/09) o Leão de Ouro no Festival de Cinema de Veneza. A cineasta nascida na China é a primeira mulher a conquistar o prêmio mais importante da competição em uma década.
O filme, estrelado pela ganhadora do Oscar Frances McDormand, conta a história de uma viúva de 60 anos que transforma sua van em residência móvel e cai na estrada em busca de bicos e empregos sazonais ao longo do caminho.
Baseado no livro homônimo de Jessica Bruder, o filme se concentra na jornada da protagonista Fern para ilustrar outras histórias de trabalhadores nômades nos Estados Unidos, que circulam o país em busca de oportunidades e meios de sobrevivência.
Zhao e McDormand apareceram em vídeo a partir dos Estados Unidos para receber o prêmio, uma vez que as restrições de viagem impostas em meio à pandemia de coronavírus dificultaram o acesso de muitos cineastas e atores de Hollywood à ilha italiana de Lido.
“Muito obrigada por nos deixar vir para o seu festival neste mundo estranho e desta maneira estranha”, afirmou McDormand, da Califórnia, a um público de máscaras em Veneza, enquanto a equipe italiana de marketing recebia o prêmio pessoalmente.
“Estamos realmente felizes por vocês nos deixarem vir! E nos veremos na estrada!”, disseram as duas em uníssono, citando uma saudação usada pelos moradores de vans no filme.
Zhao, de 38 anos, recebe o Leão de Ouro num ano em que quase metade dos filmes da competição principal foram dirigidos por mulheres. Antes dela, a última cineasta a levar o prêmio máximo havia sido Sofia Coppola, em 2010, com o filme Um lugar qualquer.
O Grande Prêmio do Júri, o segundo mais importante do Festival de Veneza, ficou neste ano com New order, do mexicano Michel Franco.
O júri liderado pela atriz australiana Cate Blanchett ainda concedeu o Leão de Prata de melhor diretor para o japonês Kiyoshi Kurosawa, pelo filme Wife of a spy.
Dear comrades, do veterano diretor russo Andrei Konchalovsky e baseado em histórias reais, foi honrado com o prêmio especial do júri.
O prêmio de melhor atriz foi para a britânica Vanessa Kirby, por seu papel em Pieces of a woman, de Kornel Mundruczo, e o de melhor ator, para o italiano Pierfrancesco Favino, que estrela Padrenostro, de Claudio Noce.
O Festival de Veneza – que normalmente reúne mais de 10 mil pessoas, entre executivos da indústria cinematográfica, críticos de cinema, jornalistas e cinéfilos – foi a primeira grande competição internacional de cinema a ocorrer em meio à pandemia de coronavírus, depois de várias outras ao redor do mundo, incluindo o Festival de Cannes, terem sido canceladas.
O diretor do festival, Alberto Barbera, chamou o evento de “uma espécie de teste” para a indústria cinematográfica global, que está lentamente recuperando seu equilíbrio, com algumas retomadas de produção e reabertura de salas de cinema.
Na Itália, o festival também foi visto como um sinal de esperança e normalidade para o primeiro país da Europa a ser duramente atingido pela crise global da covid-19.
A edição de 2020, contudo, foi reduzida, com cerca de metade do número habitual de pessoas presentes, menos filmes participantes e menos assentos disponíveis ao público, que sentaram dispersos para respeitar o distanciamento social.
Máscaras eram obrigatórias, havia desinfetantes para as mãos em abundância, as temperaturas do público eram medidas na entrada do local do festival, e placas vermelhas alertavam os participantes para que respeitassem as medidas anticoronavírus.
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Por Deutsche Welle