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Teatro de graça: ‘Condomínio Visniec’ tem curta temporada em SP

Condomínio Visniec 1811 foto Ronaldo Gutierrez
Ana Clara Fischer, Felipe Souza, Mônica Rossetto, Rafael Levecki, Rogério Pércore e Suzana Muniz (Ronaldo Gutierrez/Divulgação)

O espetáculo Condomínio Visniec, com direção de Clara Carvalho, reestreia em curta temporada na Oficina Cultural Oswald de Andrade, de 2 a 18 de maio, com sessões às quintas e sextas-feiras, às 20h e sábados, às 18h. Ingressos gratuitos. No elenco, Ana Clara Fischer, Felipe Souza, Mônica Rossetto, Rafael Levecki, Rogério Pércore e Suzana Muniz.

A encenação é resultado de um processo de pesquisa sobre a obra do autor romeno Matéi Visniec, desenvolvido por Clara Carvalho desde 2015 numa oficina de atores profissionais do Grupo TAPA. Esse núcleo de pesquisa também foi responsável pela criação da peça Máquina Tchekhov, que estreou em 2015 no Instituto Cultural Capobianco e foi indicada aos prêmios APCA, Shell e Aplauso Brasil. 

A montagem é inspirada em seis monólogos – O Corredor, O Homem do Cavalo, O Adestrador, O Homem da Maçã, A Louca Tranquila e O Comedor de Carne – reunidos na coletânea de peças O Teatro Decomposto ou O Homem – Lixo. Todos esses personagens de contornos surrealistas que dão nome aos solos são criados na encenação pela figura de uma escritora que escreve compulsivamente.

“A figura da escritora surgiu a partir de um dos personagens da coletânea, O Corredor. Na trama, é como se ela criasse essas figuras e, ao mesmo tempo, as criaturas também a recriassem”, explica Clara Carvalho.

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A partir de um mergulho no conflito interno dessa escritora, surgem em cena criaturas híbridas (meio humanas, meio animais), que povoam a imaginação da autora, gerando esse condomínio. Elas trazem à tona a solidão, os desejos, as angústias, as obsessões, os impulsos predatórios e a busca por uma possível redenção.

“A peça é uma meditação poética sobre a condição humana e a possibilidade de superação dos nossos conflitos, para que possamos derrubar os muros que nos dividem e caminhar em direção a uma sociedade menos predadora, devoradora, agressiva e solitária. A história desemboca em um amanhecer de frente para o mar, depois de uma travessia cheia de paisagens internas turbulentas. Mas esse universo sombrio se dissipa, aponta para a esperança. Visniec é um autor sempre bem-humorado e delicado que tenta abraçar a humanidade e tem enorme compaixão. É o que sempre me encantou na obra dele”, acrescenta a diretora. 

Com atmosfera onírica e surrealista, a encenação adota como referências visuais os quadros de alguns pintores, como o expressionista Edvard Munch (1863-1944) e o surrealista belga René Magritte (1898-1967). Além disso, a trilha sonora delicada, criada por Mau Machado especialmente para a peça, tem inspiração na obra do compositor estoniano Arvo Pärt (1935). Os figurinos de Marichilene Artisevskis remetem aos anos de 1950 e também fazem alusão ao universo dos pintores mencionados.

Já o cenário minimalista é composto apenas por uma mesa e uma cadeira, que ganham diferentes significados ao longo da encenação. A iluminação, feita por Vagner Pinto, é responsável por criar essas atmosferas oníricas que representam o universo interno de cada personagem. 

O espetáculo foi contemplado com o edital ProAc nº 01/2018 para Produção de Espetáculo Inédito e Temporada de Teatro. Estreou no Sesc Ipiranga, onde cumpriu temporada de 15 de março a 7 de abril.

Sobre Matéi Visniec

Condomínio Visniec 1857 foto Ronaldo Gutierrez
(Ronaldo Gutierrez/Divulgação)

Nascido em 29 de janeiro de 1956 em Radauti, na Romênia, Matéi Visniec vivenciou a ditadura de Ceausescu. Ainda jovem, deixa sua cidade e vai para a capital Bucareste estudar filosofia. Acreditava que o teatro e a poesia podiam denunciar a manipulação do povo por meio das grandes ideologias.

Em 1987, é reconhecido na Romênia por sua poesia depurada, lúcida, ácida, mas ainda proibida para o palco. Aos 31 anos, muda-se para a França. Em apenas três anos, começa a escrever em francês e converte a sua limitação na língua em elemento criativo. Paris passa ser a sua pátria mental.

É um escritor da resistência, nunca escreveu peças comerciais. Escreve poesia e romance em romeno, mas teatro, sempre em francês. Visniec tem parentesco com o surrealismo e com o teatro do absurdo. Suas peças cheias de humor (muitas vezes um humor negro) e silêncios são editadas e encenadas em diversos países.

Serviço

  • Condomínio Visniec
  • De 2 a 18 de maio – Quintas e sextas, às 20h. Sábado, às 18h.
  • Duração: 55 minutos. 
  • Classificação: 14 anos. 
  • Ingressos: Grátis, distribuídos uma hora antes.
  • OFICINA CULTURAL OSWALD DE ANDRADE – Sala Espaço Cênico – Rua Três Rios, 363, Bom Retiro. Capacidade: 60 lugares. Informações: (11) 3222-2662.
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