Covid-19

Sputnik V: Vacina russa tem eficácia superior a 90%, diz estudo

A vacina russa Sputnik V tem eficácia de 91,6% para evitar casos sintomáticos de covid-19, segundo um estudo divulgado nesta terça-feira (02/02) na revista médica The Lancet.

Os resultados do estudo se baseiam em dados de quase 20 mil voluntários. Eles foram vacinados em 25 hospitais e clínicas em Moscou, de setembro a novembro de 2020.

Os participantes receberam uma injeção inicial da vacina ou de um placebo e, 21 dias depois, uma injeção de reforço. Das 14.964 pessoas do grupo da vacina, apenas 16 desenvolveram casos sintomáticos de covid-19 tendo recebido uma segunda dose.

Os testes PCR para o coronavírus foram realizados na triagem, no dia em que os participantes receberam a injeção de reforço e se eles relataram sintomas de uma infecção respiratória.

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Interesse do Brasil

O imunizante russo, que tem o nome técnico de Gam-covid-vac, começou a ser usado antes mesmo de o resultado da última fase de testes ser publicado. Ele já está sendo aplicado em vários países, como a Argentina e a Rússia.

No Brasil, os governos do Paraná e da Bahia assinaram convênios de compra com Moscou, independentemente do governo federal. Um aval da Anvisa foi solicitado, mas a entidade disse que não poderia dá-lo antes que os resultados da fase 3 fossem apresentados.

No último sábado (30/01), o presidente Jair Bolsonaro disse que, se a Anvisa aprovar, comprará a Sputnik V. Ele afirmou a repórteres, sem dar detalhes, que assinou “um cheque de R$ 20 bilhões”  para a aquisição do imunizante. 

Além disso, a farmacêutica União Química disse que pretende iniciar imediatamente os testes da fase 3 da vacina Sputnik V no Brasil após a liberação da Anvisa.

Os testes da fase 3 no Brasil são pré-requisito para solicitar a autorização do uso emergencial no país. 

O laboratório tem acordo com os desenvolvedores da vacina russa para importação e produção do imunizante no país. O acordo prevê ainda a exportação para outros países da América Latina.

Sem reações graves

Os pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya da Rússia, onde a Sputnik V foi desenvolvida, dizem estar satisfeitos com os resultados.

“Nossa análise interina do ensaio aleatório, controlado, da fase 3 da Gam-covid-vac na Rússia mostrou alta eficácia, imunogenicidade e um bom perfil de tolerabilidade em participantes com 18 anos ou mais”, diz Inna Dolzhikova, do Instituto Gamaleya, colíder do estudo publicado na Lancet.

Os pesquisadores não encontraram consequências negativas graves da vacinação. Os efeitos colaterais relatados incluíram sintomas semelhantes aos da gripe, além de dor no local da injeção.

A Sputnik V foi a primeira vacina contra o coronavírus a ser lançada no mundo inteiro. A iniciativa da Rússia de começar a usá-la em larga escala no ano passado, antes de todos os testes terem sido concluídos e de os resultados serem analisados, foi criticada pela comunidade internacional. Outro ponto de discórdia: o centro de pesquisa Gamaleya não apenas desenvolveu a vacina, mas também se encarregou de autorizar seu uso na Rússia.

Na União Europeia (UE) ou nos EUA, a autorização não é tratada pelas empresas que desenvolvem a vacina, mas por entidades separadas: a agência europeia EMA e a americana FDA. A liberação dos resultados da fase 3 provavelmente aumentará a confiança na vacina russa.

“O desenvolvimento da vacina Sputnik V tem sido criticado pela pressa inapropriada e pela ausência de transparência. Mas o resultado relatado aqui é claro, e o princípio científico da vacinação ficou demonstrado”, afirmaram o professor Ian Jones, da Universidade de Reading, e a professora Polly Roy, da Faculdade de Medicina Tropical de Londres, que não estavam envolvidos no estudo, em um comentário sobre as novas descobertas.

Eficiente também em idosos

O ensaio mais recente do Sputnik V incluiu 2.144 participantes com mais de 60 anos, e a eficácia da vacina neste grupo foi de 91,8%. A vacina britânica contra o coronavírus desenvolvida pela AstraZeneca, por exemplo, foi criticada por não testar um número suficiente de pessoas deste grupo de risco.

Os autores do estudo observam que, como os casos de covid-19 só foram detectados quando os próprios participantes relataram sintomas, a análise de eficácia só inclui casos sintomáticos de covid-19. São necessárias mais pesquisas para entender o quão eficaz a vacina é quando se trata de casos assintomáticos e sua transmissão.

Por Deutsche Welle

rpr/lf (dw, afp)

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