Livro denuncia desmonte de Institutos Públicos de Pesquisa
Apesar da importância histórica dos Institutos Públicos de Pesquisa do Estado de São Paulo, estas instituições enfrentaram grave desmonte por parte de governos passados. É o que apresenta o livro “Diagnóstico da desestruturação da pesquisa científica ambiental e do sistema de áreas protegidas no Estado de são Paulo, Brasil”, que foi lançado esta semana, em São Paulo.
Elaborado pelos pesquisadores Felipe Augusto Zanusso Souza, Helena Dutra Lutgens, Gláucia Cortez Ramos de Paula, Rosângela Célia Ribeiro de Oliveira, João del Giudice-Neto e Frederico Alexandre Roccia Dal Pozzo Arzolla, o livro traz, a partir de uma análise histórica, um diagnóstico preocupante, com riscos para a sociedade e até para a liderança competitiva do Estado.
“Buscamos contextualizar a situação das unidades de conservação e demais áreas protegidas paulistas e também analisar os impactos da extinção do Instituto Florestal e fusão dos Institutos de Botânica e Geológico na pesquisa científica na área ambiental, além de contribuir com propostas e recomendações para os poderes Executivo e Legislativo no Estado de São Paulo”, afirma Helena Dutra Lutgens coautora do livro e vice-presidente da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC).
Para produzir o livro, os pesquisadores investigaram e analisaram documentos públicos sobre a gestão das Unidades de Conservação paulistas, além do modelo de gestão adotado pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo entre os anos de 2006 e 2021.
“Essas informações nos permitiram identificar as características do arranjo institucional no período histórico analisado. Também foram realizadas duas oficinas participativas com representantes da APqC e atores sociais convidados”, completa Lutgens.
Representante de servidores de 16 Institutos Públicos de Pesquisa, a APqC tem cobrado investimentos na carreira de pesquisador científico e defende a recriação dos Institutos Florestal, de Botânica e Geológico.
“Quando falamos em extinção de órgãos centenários de pesquisa, estamos falando da perda de geração do conhecimento, da qualidade da informação em matéria ambiental, do histórico de respeitabilidade na produção científica e na conservação ambiental”, reforça Patricia Bianca Clissa, presidente da APqC. “A sociedade vivenciou recentemente a dor terrível de uma pandemia, e nós sabemos a importância da pesquisa científica, que nos proporcionou uma resposta em tempo recorde. Não podemos aceitar desmonte em uma área tão estratégica”, finaliza.
O livro terá uma tiragem limitada na versão impressa, mas ficará disponível online, gratuitamente, no site da APqC.
“Esta obra é um alerta às autoridades e também à sociedade, demonstrando a importância da ciência, não apenas para o Estado de São Paulo, como para todo Brasil”, finaliza Lutgens.
Acesso ao livro aqui.