Operação da PF contra Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe gera reações no mundo
A imprensa internacional destacou a ação policial que apreendeu o passaporte do ex-presidente e prendeu dois aliados de Bolsonaro.
A operação da Polícia Federal (PF) deflagrada na quinta-feira (8) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados por suspeita de participação na tentativa de golpe de Estado para anular as eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva, teve ampla repercussão na imprensa internacional. Os principais veículos de comunicação do mundo noticiaram a ação policial que apreendeu o passaporte de Bolsonaro e prendeu dois aliados do ex-presidente, entre eles, um militar, que teriam integrado a conspiração.
A operação, batizada de Tempus Veritatis, cumpriu 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva em vários estados do país. Além de Bolsonaro, foram alvos da investigação ex-ministros, ex-assessores e políticos aliados do ex-presidente, que já foi condenado à inelegibilidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.
A PF acusa Bolsonaro de liderar um plano para se manter no poder independentemente do resultado das urnas, que incluía a edição de um decreto para prender ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Senado, a intervenção nas Forças Armadas e a convocação de uma Assembleia Constituinte. O plano teria sido elaborado em um documento conhecido como “minuta do golpe”, que foi apreendido pela PF em janeiro de 2023, após uma tentativa frustrada de invasão do Congresso Nacional por apoiadores de Bolsonaro.
A operação da PF foi destaque nos jornais dos Estados Unidos, como o The New York Times, o The Washington Post e o The Wall Street Journal, que ressaltaram que Bolsonaro “supervisionou uma ampla conspiração para se manter no poder” e que a investigação revelou que o plano era “muito mais organizado” do que se imaginava. Os jornais também compararam Bolsonaro ao ex-presidente americano Donald Trump, que também se recusou a reconhecer a derrota nas eleições de 2020 e incentivou seus seguidores a invadirem o Capitólio.
Na Europa, a operação da PF também foi manchete nos principais jornais, como o britânico The Guardian, o francês Le Monde, o espanhol El País e o alemão Der Spiegel, que enfatizaram que Bolsonaro teve que entregar seu passaporte e que está proibido de deixar o país. Os jornais também destacaram que a operação atingiu o alto escalão do governo Bolsonaro, incluindo o ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022, Walter Braga Netto, e o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.
Na América Latina, a operação da PF também teve grande repercussão nos jornais da Argentina, como o Clarín e o La Nación, do Chile, como o La Tercera e o El Mercurio, e do México, como o El Universal e o Reforma, que chamaram Bolsonaro de “ex-presidente de extrema direita” e que relataram que ele é investigado por “tentar dar um golpe de Estado” no Brasil.
A operação da PF também foi noticiada pelas principais agências de notícias internacionais, como a Reuters, a Bloomberg, a AFP e a BBC, que informaram que a ação policial provocou “ondas de choque político” no maior país da América Latina e que novas prisões podem ser feitas em breve, já que os suspeitos estão impedidos de sair do Brasil.
A operação da PF foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, que é o relator do inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado. O inquérito foi aberto a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que também ofereceu denúncia contra Bolsonaro e seus aliados por crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social, a lei eleitoral e a administração pública.
Bolsonaro nega as acusações e diz que é vítima de perseguição política. Ele também afirma que as eleições de 2022 foram fraudadas e que ele foi o verdadeiro vencedor do pleito. Bolsonaro ainda tenta reverter sua condenação à inelegibilidade no TSE e no STF, mas enfrenta resistência da maioria dos ministros das cortes. Bolsonaro também enfrenta outros processos na Justiça por crimes como calúnia, injúria, difamação, racismo, homofobia e incitação à violência.