Bruno Covas é reeleito prefeito de São Paulo
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), foi reeleito neste domingo (29/11). O tucano recebeu pouco mais de 59% dos votos válidos no segundo turno do pleito paulistano, com 93% das urnas apuradas. Seu adversário Guilherme Boulos (PSOL) obteve cerca de 40%.
Antigo vice de João Doria, Covas, de 40 anos, está à frente do Executivo paulistano desde 2018, quando o antigo titular deixou o cargo para disputar o governo do estado. Filiado ao PSDB desde os 18 anos, Bruno Covas é neto do ex-governador de São Paulo, Mário Covas.
Antes de assumir a prefeitura, Bruno Covas foi deputado estadual, secretário estadual do Meio Ambiente e deputado federal.
Desde outubro de 2019, Bruno Covas luta contra um câncer na cárdia, parte do corpo que fica entre o esôfago e o estômago.
Neste domingo, ao votar, Covas disse que pretende cumprir os quatro anos de mandato caso fosse reeleito. A pergunta sobre seus planos não foi por acaso, já que São Paulo tem uma tradição de políticos tucanos que deixam a prefeitura para disputar o governo. Além de Doria em 2018, o ex-governador e ex-prefeito José Serra seguiu caminho em 2006.
“Quero ser reeleito para entregar o cargo no dia 1º de janeiro de 2025”, disse Covas durante coletiva de imprensa após a votação.
No primeiro turno, Covas obteve 32,85% dos votos válidos, contra 20,24% de Boulos. Sem contar com grandes obras ou programas de destaque como chamariz para seus dois sua administração, a campanha de Covas se concentrou em promover a imagem de Covas, que foi propagandeado como um moderado e político experiente.
No entanto, a imagem de moderação tinha suas vidraças. A principal delas foi o vice escolhido pelo tucano: o vereador Ricardo Nunes (MDB), que teve seu nome incluído como parte de uma aproximação entre o PSDB paulista e o MDB no estado com vistas para 2022.
Nunes acabou virando uma dor de cabeça para a campanha de Covas. O vereador foi acusado de violência doméstica pela mulher em 2011 e é alvo de um inquérito que investiga irregularidades na gestão de creches da capital paulista.
Por causa dos problemas de saúde de Covas, a biografia do seu vice passou a ser explorada por apoiadores de Boulos. Covas respondeu defendendo a escolha e apontando que Nunes não é réu em nenhum processo. O prefeito ainda enfrentou questionamentos sobre seu passado recente, como sua proximidade com Doria, um político que colou sua imagem ao bolsonarismo em 2018.
Apesar de ter permanecido na liderança das intenções de votos após o derretimento da campanha de Celso Russomanno (Republicanos) desde a segunda quinzena de outubro, Covas viu sua posição confortável passar a ser ameaçada nos últimos dias conforme Boulos diminui a desvantagem, que caiu pela metade em dez dias.
PSOL obtém seu melhor resultado em São Paulo
A disputa Covas x Boulos repetiu neste ano o velho confronto entre forças de direita ou centro e a esquerda que caracteriza as eleições paulistanas desde 1988.
Mas pela primeira vez tal disputa não contou com um candidato competitivo do PT desde a volta das eleições diretas para prefeito em 1985.
O petista Jilmar Tatto terminou o primeiro turno com 8,65% dos votos sem nunca ter decolado nas pesquisas. O papel de um candidato forte de esquerda acabou sendo assumido pelo psolista Guilherme Boulos, líder do Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST).
Com cerca de 40% dos votos totais no segundo turno, Boulos obteve de longe a melhor votação da história do PSOL em disputas pelo Executivo paulistanos. Em outros pleitos, o partido nunca havia superado pouco mais de 3% dos votos totais.
A tomada do protagonismo pelo Psol em São Paulo também foi encarada como um teste para determinar o potencial de forças de esquerda não petistas em 2022 e contrapor o desgaste sofrido pelo PT nos últimos anos. Na sua campanha, Boulos, de 38 anos, montou uma espécie de ponte entre uma nova e velha esquerda. Ele escolheu como vice a veterana de disputas à prefeitura de São Paulo, Luiza Erundina, de 85 anos.
Também conseguiu formar uma frente de apoio com o PT, PDT, PCdoB, Rede Sustentabilidade, PCB e Unidade Popular (UP), no que foi classificado por um deputado petista como uma “semente” para a disputa presidencial de 2022.
Diagnosticado com covid-19 na sexta-feira, Boulos acabou ficando de fora de atos de campanha nos últimos dois dias, ficando impedido até mesmo de ir votar neste domingo.
JPS/ots
Por Deutsche Welle