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Castillo celebra vitória em meio à expectativa no Peru

Quatro dias depois do segundo turno da eleição presidencial no Peru, a tensão no país aumenta após o Ministério Público ter voltado a pedir nesta quinta-feira (11/06) a prisão preventiva da candidata Keiko Fujimori, acusando a candidata da direita de violar as condições de sua liberdade provisória.

Ela é acusada pela Lava Jato peruana de lavagem de dinheiro, de ter recebido suborno e de se beneficiar de caixa dois nas campanhas eleitorais de 2011 e 2016, quando também tentou se eleger presidente. A direitista, de 46 anos, já passou mais de um ano presa enquanto as investigações estavam em andamento.

Keiko classificou de absurdo o pedido do Ministério Público. Ela é filha do autoritário ex-presidente Alberto Fujimori (1990 a 2000), que cumpre pena de 25 anos de prisão por graves violações dos direitos humanos.

Enquanto isso, tudo aponta para uma vitória estreita do candidato de extrema esquerda Pedro Castillo sobre Keiko Fujimori. Depois da contagem de quase 100% dos votos, o candidato do partido marxista-leninista Peru Livre obteve 50,195%, contra 49,805% de Keiko. A diferença entre ambos é de menos de 70 mil votos.

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Alegações de fraude e “fake news”

Entretanto, as autoridades eleitorais ainda não declararam nenhum dos candidatos vencedor.

Na sequência de alegações de fraude, o partido de Keiko, Força Popular, pediu que cerca de 200 mil votos sejam declarados inválidos devido a supostas irregularidades nos locais de votação. “Continuaremos defendendo o legítimo direito de milhões de peruanos até o último voto”, disse a candidata na tarde de quinta-feira.

O presidente do Júri Nacional de Eleições, Jorge Salas, calcula que serão necessários ao menos 12 dias para o órgão, responsável pela fiscalização de eleições no país, responder ao pedido do partido de direita.

Também nesta quinta-feira, a Marinha do Peru divulgou uma nota negando a veracidade de um áudio divulgado no Whatsapp e em outras redes sociais sobre uma suposta conspiração de chefes navais “contra a ordem constitucional”.

Eleição “ordeira a pacífica”

Já os observadores internacionais tanto da Organização dos Estados Americanos (OEA) quanto da União Europeia afirmaram não ter registrado irregularidades graves na votação e declararam que o segundo turno foi conduzido de maneira ordenada.

“Até o momento, todos os relatórios produzidos pelas instituições responsáveis ​​pelo processo eleitoral sugerem que a eleição ocorreu de forma ordeira e pacífica, sem contratempos que justifiquem o uso de uma palavra tão grande como fraude”, disse o presidente do Peru, Francisco Sagasti. “Não vejo nenhuma razão para deixar que este processo seja manchado, e tenho total confiança na autonomia e eficiência das autoridades eleitorais”, acrescentou, de acordo com a agência de notícias Andina.

Parabéns de Argentina e Bolívia

Castillo, que já se declarou vencedor do pleito, pediu que seus seguidores mantenham a calma. Ele recebeu nesta quinta-feira os parabéns do presidente da Argentina, Alberto Fernández. O professor rural peruano agradeceu ao argentino e disse-lhe no Twitter que “juntos trabalharemos por uma América Latina mais justa, democrática e livre”.

A mensagem de Fernández, que chamou Castillo de presidente eleito do Peru, gerou uma “nota de protesto” do governo peruano ao embaixador argentino em Lima, “indicando que os resultados finais das eleições gerais de 2021 ainda não foram anunciados pelas autoridades eleitorais”.

Mais tarde, chegaram também saudações para Castillo do presidente da Bolívia, Luis Arce, e da vice-presidente e primeira-dama da Nicarágua, Rosario Murillo.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também parabenizou Castillo, em sua conta no Twitter, “pela importante vitória no Peru”, afirmando que “o resultado das urnas peruanas é simbólico e representa mais um avanço na luta popular em nossa querida América Latina”.

Grandes desafios

Embora Castillo e Keiko Fujimori representem extremos opostos no escala política, eles não estão distantes em seus pontos de vista sociopolíticos: ambos representam uma imagem conservadora da família e são contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o aborto. Ambos focam na exploração de recursos naturais e não atribuem grande importância à proteção do meio ambiente.

Quem quer que saia vencedor do pleito enfrentará enormes desafios. O Peru está sofrendo particularmente com a pandemia de coronavírus: é um dos países com a maior taxa de mortalidade do mundo, e sua economia levou um tombo de 12,9% no ano passado.

Além disso, grupos dissidentes da organização guerrilheira Sendero Luminoso ainda atuam no interior do país.

A turbulência política marcou o ano passado, quando o Congresso entrou em conflito acirrado com o governo: parlamentares primeiro forçaram o presidente Martin Vizcarra a deixar o cargo, e depois seu sucessor, Manuel Merino, jogou a toalha após ferozes protestos. Sagasti está no comando desde então.

Por Deutsche Welle
md/as (DPA, AFP, EPD)

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