Com covid-19, mãe dá à luz e se reconecta com a filha após 30 dias na UTI
Após 40 dias internada na Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Unimed São Domingos (HUSD), em Catanduva, interior de São Paulo, sendo 31 deles na Unidade Respiratória da Covid-19, a dona de casa Milena de Brito Vilela nasceu de novo. E quando renasceu, descobriu que havia se tornado mãe da pequena Helena Flora de Brito Vilela, nascida em 2 de julho. Na terça-feira, 3 de agosto, ela teve a oportunidade de pegar a filha no colo pela primeira vez.
Milena estava grávida de seis meses quando foi infectada pela Covid-19. Os sintomas apareceram logo após o marido, Anderson Vilela dos Santos, que é enfermeiro e trabalha na linha de frente, receber o resultado positivo da doença. Os sintomas se agravaram e Milena deu entrada no hospital em Andradina, foi intubada e, em seguida, transferida para Catanduva.
Ela estava na 27ª semana de gestação quando precisou fazer o parto de urgência. A família foi informada dos possíveis riscos que as duas corriam.
“Não me lembro de nada. Acordei e achei que não tivesse mais a minha filha. Minha mãe falava que ela havia nascido, meu marido também falava, mas só fui acreditar quando a vi pela primeira vez”, disse.
A avó materna Dircélia Maria de Brito, que é terapeuta energética, acompanha e auxilia a filha na fisioterapia, pois Milena ainda se locomove com a ajuda da cadeira de rodas; aos poucos, ela tem conseguido firmeza nas pernas para voltar a andar.
Os exercícios foram essenciais para o novo desafio: acolher a filha em seus braços. Com o auxílio da equipe da UTI Neonatal, Helena sentiu pela primeira vez o aconchego da mãe. Milena não segurou as lágrimas e a emoção de ficar alguns minutos com a filha.
“O coração bateu forte. Não vejo a hora de conseguir fazer as coisas sozinha, dela chorar e eu levantar para pegá-la, dar banho, amamentar. Eu quero fazer tudo por ela, tudo e muito mais”, disse.
Ambas seguem em recuperação. Helena, que nasceu com apenas 900 gramas, está agora com 1,210 quilos e para respirar, ela conta com o auxílio de um aparelho, e sua saúde vem evoluindo de maneira satisfatória. Milena respira sem ajuda de oxigênio e está fazendo fisioterapia para voltar os movimentos das pernas.
“Toda essa luta está sendo um grande aprendizado para nossa família. Com fé, vemos que tudo vale a pena”, concluiu Dircélia.