Com expansão tecnológica, ensino a distância bate recorde
Oensino a distância (EAD) tem crescido cada vez mais no Brasil. Em 2020, pela primeira vez na história, a quantidade de alunos que ingressaram no ensino superior nessa modalidade superou o total de calouros em cursos presenciais de graduação. Dos mais de 3,7 milhões de ingressantes em 2020 (em instituições públicas e privadas), mais de 2 milhões (53,4%) optaram por cursos a distância e 1,7 milhão (46,6%) escolheu os presenciais.
Os dados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e foram divulgados este mês pelo Ministério da Educação. Os números mostram uma tendência que já havia sido constatada no ano anterior, mas apenas na rede privada de ensino superior.
Segundo especialistas, alguns fatores explicam o crescimento, como a pandemia de Covid-19, a flexibilidade para acompanhar as aulas e os custos mais baixos do EAD para os estudantes. “Já existia no mercado uma crescente dos cursos a distância, mas a pandemia, com certeza, foi o principal fator de aceleração desse dado. Com a incerteza da volta às aulas presenciais, muitos alunos optaram por começar uma graduação EAD, que além de não sofrer alterações, ainda conta com uma mensalidade mais acessível em relação ao presencial”, diz José Roberto Dantas, CEO do Amigo Edu, plataforma digital que conecta estudantes a bolsas de estudos.
Em entrevista à Agência EY, Dantas diz que os modelos de ensino devem se aprimorar cada vez mais e a tendência para os próximos anos é o ensino híbrido, a depender do curso escolhido pelo aluno. “Cada vez mais, o futuro é proporcionar conteúdos e ambientes personalizados, e com foco no aluno. Por isso, o ensino híbrido faz sentido, pois oferece o melhor dos dois mundos: a flexibilidade do EAD e a prática do presencial”, diz Dantas, destacando que algumas carreiras, como na área de saúde, por exemplo, exigem muitas aulas presenciais e práticas.
Com o aumento do EAD, a inovação tecnológica terá um papel cada vez mais importante no ensino. “A tecnologia é essencial para a qualidade do ensino e aprendizado. Por isso, o investimento em plataformas mais dinâmicas, autoexplicativas e amigáveis para todos os dispositivos não é diferencial, mas sim uma preocupação de todas as instituições. Cada aluno aprende de uma forma diferente e a tecnologia precisa se adequar a isso”, afirma Dantas, lembrando que é importante acompanhar e apoiar o aluno nesse processo. “Em relação ao acompanhamento dos alunos, já existem muitas instituições que oferecem dados móveis para que o aluno consiga assistir às aulas, por exemplo. Tal tipo de parceria possui forte potencial de beneficiar a todos.”
Apesar de potencializado pela Covid-19, os dados do Inep mostram uma tendência que já era anterior à pandemia, segundo estudo das instituições de ensino superior. “Ainda que os efeitos da pandemia da Covid-19 e os seus reflexos na economia tenham impacto direto no avanço da EAD em 2020, não se pode deixar de destacar que a modalidade vem apresentando crescimento ano a ano, tendo alavancado 233,89% entre 2010 e 2020. No mesmo período, o ensino presencial cresceu apenas 2,30%”, pondera Paulo Chanan, membro do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), em documento da entidade em que faz uma análise dos dados do Inep.