Copom reduz Selic para 11,25% ao ano, o menor nível em dois anos
O corte de 0,5 ponto percentual foi o quinto consecutivo e reflete a melhora do cenário inflacionário e a recuperação da economia brasileira
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou nesta quarta-feira (31) a redução da taxa básica de juros da economia, a Selic, de 11,75% para 11,25% ao ano. A decisão foi unânime e já era esperada pela maioria dos analistas do mercado financeiro.
Com o corte de 0,5 ponto percentual, a Selic atingiu o menor patamar desde março de 2022, quando estava em 10,75% ao ano. Essa foi a quinta redução seguida da taxa, que iniciou um ciclo de queda em agosto de 2023, após um período de estabilidade em 13,75% ao ano.
A taxa Selic é o principal instrumento do BC para controlar a inflação, que é medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em 2023, o IPCA ficou em 4,62%, abaixo do teto da meta de inflação, que era de 4,75%. Para 2024, a meta é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Segundo o BC, a decisão de reduzir a Selic levou em conta a melhora do cenário inflacionário, que reflete a desaceleração dos preços de alimentos, energia e combustíveis, e a recuperação gradual da atividade econômica, que ainda apresenta ociosidade dos fatores de produção. O BC também considerou o cenário externo menos adverso, com a diminuição das tensões geopolíticas e a queda das taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos.
No comunicado que acompanhou a decisão, o Copom sinalizou que, caso o cenário esperado se confirme, poderá fazer novos cortes da mesma magnitude nas próximas reuniões. O comitê avalia que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista, ou seja, que ainda restringe a demanda e contribui para o processo de desinflação.
A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 19 e 20 de março, quando o mercado projeta uma nova redução da Selic para 10,75% ao ano. A expectativa é que a taxa encerre 2024 em 9% ao ano, segundo o boletim Focus, que reúne as projeções de cerca de 100 instituições financeiras.
A redução da Selic tem impacto direto sobre as taxas de juros cobradas pelos bancos e as remunerações das aplicações financeiras. Com juros mais baixos, o crédito fica mais barato e incentiva o consumo e o investimento. Por outro lado, a rentabilidade da poupança e de outros investimentos de renda fixa diminui, estimulando a migração para investimentos de maior risco e retorno, como ações e fundos imobiliários.
A redução da Selic também afeta as contas públicas, pois diminui o custo da dívida pública, que é corrigida pela taxa básica de juros. Em 2023, o governo gastou R$ 367 bilhões com o pagamento de juros da dívida, o equivalente a 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB). A expectativa é que esse valor caia para R$ 338 bilhões em 2024, ou 4,6% do PIB.