Daniel Alves depõe no último dia de julgamento por estupro na Espanha
O ex-jogador brasileiro, que está preso há mais de um ano, pode ser condenado a até 12 anos de prisão pela acusação de agredir sexualmente uma mulher em uma boate de Barcelona.
O terceiro e último dia do julgamento de Daniel Alves, nesta quarta-feira (7), foi marcado pelo depoimento do ex-jogador brasileiro, que responde pela acusação de estuprar uma mulher em uma boate de Barcelona, em janeiro de 2023. O Tribunal Provincial de Barcelona ouviu o lateral-direito sobre o caso, que pode render a ele uma pena de até 12 anos de prisão, se for condenado.
Daniel Alves, que está preso desde 20 de janeiro de 2023, quando foi detido após prestar depoimento em uma delegacia, mudou sua versão dos fatos várias vezes ao longo do processo. Inicialmente, ele negou conhecer a vítima, uma jovem espanhola de 23 anos, e disse que não houve relação sexual entre eles. Depois, ele admitiu que houve sexo oral, mas de forma consensual. Em seguida, ele reconheceu que houve penetração, mas também com o consentimento da mulher. Por fim, ele alegou que mentiu para tentar salvar seu casamento com a modelo espanhola Joana Sanz, de quem se separou após o escândalo.
No seu depoimento nesta quarta-feira, Daniel Alves manteve a versão de que a relação foi consensual e que a vítima não demonstrou resistência ou desconforto. Ele disse que a convidou para ir ao banheiro da boate, onde ficaram por cerca de 15 minutos, e que depois voltaram para a pista de dança. Ele afirmou que não usou violência nem ameaças e que não percebeu nenhum sinal de que a mulher estivesse bêbada ou drogada.
O ex-jogador também se defendeu das acusações de que teria agido de forma arrogante e prepotente na boate, como relataram algumas testemunhas. Ele disse que estava em um momento de diversão com seus amigos e que não teve nenhuma atitude desrespeitosa com as pessoas. Ele negou que tenha tocado as partes íntimas de outras mulheres, como afirmaram duas amigas da vítima, e que tenha se gabado de ser famoso e rico.
Daniel Alves disse que se arrepende de ter traído sua esposa, mas que não cometeu nenhum crime. Ele pediu desculpas à vítima, à sua família e aos seus fãs pelo ocorrido e disse que espera que a Justiça seja feita.
A vítima, que prestou depoimento na segunda-feira (5), sob medidas de proteção para preservar sua identidade, manteve a versão de que foi estuprada por Daniel Alves. Ela disse que ele a levou à força para o banheiro, onde a agrediu fisicamente e sexualmente. Ela disse que pediu várias vezes para ele parar, mas que ele não a ouviu. Ela disse que ficou com medo e que sentiu muita dor.
A jovem também disse que estava sob efeito de álcool e que não se lembrava de muitos detalhes da noite. Ela disse que foi à boate com uma prima e uma amiga e que conheceu Daniel Alves e um amigo dele, que as convidaram para beber champanhe. Ela disse que não sabia quem ele era e que não tinha interesse nele.
A vítima disse que só percebeu que tinha sido estuprada quando foi ao hospital, onde fez exames que comprovaram a presença de sêmen de Daniel Alves em seu corpo. Ela disse que ficou traumatizada e que precisou de acompanhamento psicológico.
O julgamento também contou com o depoimento de outras testemunhas, como funcionários da boate, policiais, médicos e peritos. Além disso, foram apresentadas provas materiais, como imagens das câmeras de segurança da boate, que mostraram Daniel Alves e a vítima entrando e saindo do banheiro, e laudos médicos, que confirmaram as lesões da mulher.
A acusação, representada pela advogada da vítima, pede que Daniel Alves seja condenado a 12 anos de prisão, a pena máxima prevista para o crime de estupro na Espanha. A advogada argumenta que o ex-jogador se aproveitou da vulnerabilidade da mulher, que estava alcoolizada, e que usou de violência e intimidação para forçá-la a ter relações sexuais.
O Ministério Público, que atua como parte neutra no processo, pede que Daniel Alves seja condenado a nove anos de prisão, considerando que houve agressão sexual, mas não estupro, já que não houve ameaça de morte ou de lesão grave.
A defesa, representada pela advogada de Daniel Alves, pede que ele seja absolvido, alegando que não há provas suficientes para sustentar a acusação e que a relação foi consensual. A advogada também pede que o julgamento seja anulado, por considerar que houve irregularidades na condução do caso e que o ex-jogador foi vítima de um “tribunal paralelo” da opinião pública.
O Tribunal Provincial de Barcelona, formado por três juízes, vai analisar as provas e os depoimentos e emitir a sentença nos próximos dias. Não há um prazo definido para o anúncio do veredicto. Até lá, Daniel Alves vai continuar preso de forma preventiva, como medida cautelar.
Daniel Alves, de 38 anos, é um dos jogadores brasileiros mais vitoriosos da história, tendo conquistado 43 títulos em sua carreira, incluindo três Ligas dos Campeões, seis Campeonatos Espanhóis, dois Campeonatos Italianos, dois Campeonatos Franceses e duas Copas Américas. Ele jogou por clubes como Bahia, Sevilla, Barcelona, Juventus, Paris Saint-Germain e São Paulo, além de ter defendido a seleção brasileira em 118 partidas. Ele estava sem clube desde agosto de 2023, quando rescindiu seu contrato com o São Paulo.