Força tarefa vai apurar ameaças do PCC a promotor
Por Camila Maciel, da Agência Brasil
O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio, criou uma força-tarefa para apurar ameaças contra o promotor Lincoln Gakiya por parte da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). A força-tarefa é formada por cinco promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Gakiya, que atua no combate à facção em Presidente Prudente, no interior de São Paulo, teve a segurança reforçada. As ameaças foram descobertas por meio de cartas codificadas que seriam levadas a presídio onde estão membros da facção.
“Nós não sabemos se é estratégia do crime, se foi vazado de propósito ou não. O que sabemos é que a polícia interceptou as cartas e que elas mostraram uma ameaça efetiva e concreta à atuação do promotor. De nossa parte, estamos realizando aquilo que nos compete realizar. A atuação do Ministério Público, com ou sem ameaça, permanece e será reforçada”, disse o procurador-geral em coletiva de imprensa.
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Smanio evitou falar sobre os detalhes do pedido de transferência de integrante do PCC para um presídio federal feito pelo promotor ameaçado. “É uma questão sigilosa. Toda essa questão precisa e deve ser porque não podemos tratar de transferência de preso via imprensa ou discussão”, apontou o procurador-geral. A decisão depende de autorização judicial e é também negociada com os órgãos envolvidos, estaduais e federais.
“Não tem nada emperrando. É uma questão sigilosa, de trato interno, e que depende de autorização judicial e do trato que vai ser feito com o governo estadual atual e futuro, e federal, atual e futuro. São os trâmites que sempre ocorrem”, disse. A transferência começou a ser discutida a partir de informações sobre um plano de resgate de integrante da facção que estão presídios no interior de São Paulo.
Também recebeu ameaças o coordenador dos presídios da região oeste, Roberto Medina. Em nota, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) disse que “combate diuturnamente o crime organizado em parceria com a inteligência das Policias e com o Ministério Público e que estão sendo tomadas todas as providências para a manutenção da segurança dos servidores da Pasta. Mais informações não podem ser fornecidas por questão de segurança”.
Associação
A Associação Paulista do Ministério Público (APMP) manifestou, em nota, apoio “irrestrito” ao promotor Lincoln Gakiya e servidores do sistema penitenciário. “As autoridades do sistema de Justiça que atuam no combate ao crime, notadamente organizado, necessitam de todo o respaldo do Estado e da sociedade para bem desempenharem suas funções. Sem essa garantia, o respectivo trabalho não pode ser realizado a contento, gerando graves consequências para a população, a qual, insegura e exposta, será refém de ataques criminosos – o que tristemente já se vivenciou”.
Ao comentar a nota, Smanio ressaltou o diálogo com órgãos das diferentes esferas de Poder. “A conversa com os órgãos do estado é constante, permanente. O Poder Judiciário, Secretaria de Segurança Pública, governo do estado, é permanente. Da nossa parte, como há ameaça concreta, temos que tomar medidas. Todos os órgãos trabalham com harmonia”, disse.