OMS declara varíola dos macacos uma emergência global
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou neste sábado (23/07) a varíola dos macacos uma emergência de saúde global, depois que mais de 16 mil casos já foram declarados (cinco deles fatais) em 75 países, 80% deles na Europa, onde a doença não era endêmica. O continente é atualmente epicentro mundial do surto.
A decisão foi anunciada em conferência de imprensa pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, dois dias depois de uma comissão de emergência com especialistas na doença se reunir para analisar a declaração, que obriga as redes nacionais de saúde a aumentar as suas medidas preventivas.
Essa comissão havia recomendado não declarar a emergência em uma primeira reunião, realizada em junho (quando os casos eram 3 mil). Neste último encontro, segundo Tedros, também não houve consenso total entre os especialistas. Mesmo assim, o diretor-geral decidiu declarar a emergência diante do elevado e crescente número de casos em várias regiões do planeta.
Entre os critérios usados pela OMS para declarar essa emergência, destacou Tedros, está o fato de que “o vírus está se espalhando rapidamente em muitos países onde antes não havia casos”.
“Temos um surto que se espalhou rapidamente pelo mundo através de novos modos de transmissão sobre os quais também entendemos pouco e que atende aos critérios dos regulamentos internacionais de saúde”, disse Tedros. “Eu sei que este não foi um processo fácil ou direto e que existem opiniões divergentes entre os membros” do comitê, ele adicionou.
Nível mais alto de alerta
Uma emergência global é o nível mais alto de alerta da OMS, mas a designação não significa necessariamente que uma doença é particularmente transmissível ou letal.
Tedros afirmou ainda que o risco de contágio da varíola dos macacos subiu para um nível “alto” na Europa, que concentra 80% dos casos, mantendo o nível “moderado” no resto do mundo.
O chefe da OMS sublinhou que apesar do alerta global, o surto “está concentrado sobretudo em homens que fazem sexo com outros homens e com múltiplos parceiros”, grupo para o qual solicitou assistência e informação sobre a doença.
Ele ressaltou que isso deve ser feito com medidas que protejam a dignidade e os direitos humanos das comunidades afetadas, pois, “o estigma e a discriminação podem ser tão perigosos quanto qualquer vírus”.
Sétima emergência global
É a sétima vez que a OMS declara emergência global (mecanismo iniciado em 2005), depois de o ter feito para a gripe A em 2009, o Ébola em 2014 e 2018, a poliomielite em 2014, o vírus Zika em 2017 e o coronavírus, causador da covid-19, em 2020, sendo que o último nível de alerta ainda está em vigor.
A declaração de emergência serve principalmente como um apelo para atrair mais recursos globais e atenção a um surto. Os anúncios anteriores tiveram impacto misto, uma vez que a agência de saúde da ONU é, em grande parte, impotente em fazer os países agirem.
O chefe de emergências da OMS, Michael Ryan, disse que o diretor-geral tomou a decisão de colocar a varíola nessa categoria para assegurar que a comunidade global leve os surtos atuais a sério.
Embora a varíola dos macacos tenha sido estabelecida em partes da região central e ocidental da África por décadas, não era conhecida por desencadear grandes surtos além do continente ou se espalhar amplamente entre as pessoas até maio, quando autoridades detectaram dezenas de focos na Europa, América do Norte e em outros lugares.
Declarar uma emergência global significa que o surto de varíola é um “evento extraordinário” que pode se espalhar para mais países e requer uma resposta global coordenada.
md (EFE, AP)