Irã intercepta navio “ligado a Israel”; veja o vídeo
Exército israelense promete "consequências" a Teerã
A Guarda Revolucionária do Irã interceptou neste sábado (13/04), no Golfo Pérsico, um navio “vinculado” a Israel. “Um porta-contêineres chamado MCS Aries foi embargado pelas forças especiais marítimas, no âmbito de “uma operação realizada por helicóptero perto do Estreito de Hormuz”, anunciou a agência estatal de notícias Irna.
A embarcação tem “bandeira portuguesa e é operada pela empresa Zodiac, pertencente ao capitalista sionista Eyal Ofer”, e se estaria “dirigida a águas territoriais iranianas”.
O Exército de Israel reagiu, afirmando que o Irã “sofrerá as consequências de sua decisão de agravar a situação”. O país segue em alerta devido a ameaças de represália de Teerã pela morte de sete membros da Guarda Revolucionária, numa ataque ao complexo da embaixada iraniana em Damasco, Síria.
“Reforçamos nossa preparação para proteger Israel de uma nova agressão iraniana. E também estamos prontos para reagir”, afirmou o porta-voz Daniel Hagari, em seguida ao anúncio da interceptação do MCS Aries.
Biden: agressão iraniana “mais cedo do que tarde”
Na sexta-feira, Israel se declarara em alerta para um possível ataque iraniano em retaliação ao bombardeio de um complexo diplomático iraniano na Síria no início de abril. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que uma provável agressão iraniana poderá ocorrer “mais cedo do que tarde”.
“Não quero entrar em informações sigilosas, mas minha expectativa é de que seja mais cedo do que tarde” disse Biden a jornalistas na Casa Branca, em meio ao aumento de tensão na região.
Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, Israel intensificou seus ataques contra aliados de Teerã no Líbano e na Síria. No início de abril, mais de uma dezena de pessoas foram mortas em um ataque aéreo ao consulado iraniano em Damasco, capital da Síria, que matou o general de brigada iraniano Mohamad Reza Zahed, um dos principais líderes da Guarda Revolucionária do Irã, e seis outras autoridades militares iranianas.
O Irã, a Síria e a Rússia culparam Israel pelo ataque. Tel Aviv, porém, jamais assumiu a responsabilidade, o que não impediu que o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, afirmasse que Israel “deve e será punido” pela operação que, segundo disse, foi equivalente ao um ataque em solo iraniano.
A guerra entre Israel e o grupo fundamentalista islâmico Hamas, apoiado pelo Irã, que já dura quase sete meses, elevou as tensões na região e envolveu também o grupo Hisbolá, no Líbano, que também conta com apoio iraniano.
Países alertam seus cidadãos na região
Países como França, Índia, Polônia e Rússia advertiram seus cidadãos para que não realizem viagens à região. Ao mesmo tempo, os governos da Alemanha e da Áustria pediram que alemães e austríacos deixem o território iraniano.
O Ministério alemão do Exterior afirmou em nota que há risco de um agravamento repentino nas tensões que podem colocar cidadãos alemães no Irã sob perigo de serem “arbitrariamente presos e interrogados e receberem longas penas de prisão”. “Rotas de transporte aéreo, terrestre ou marítimo também poderão ser afetadas”, disse a pasta.
As Forças Armadas israelenses disseram que não foram dadas novas instruções à população, mas pediram que as pessoas se mantenham alertas. “O Exército conduziu uma avaliação situacional e aprovou planos para uma série de cenários após relatos e comunicados sobre um ataque iraniano”, afirmou o porta-voz militar Daniel Hagari, em pronunciamento às emissoras de televisão.
Mais cedo, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, classificou a ameaça iraniana de real e exequível.
Possível espiral de violência
O Ministério do Exterior de Israel não comentou informações de que algumas missões diplomáticas do país teriam sido parcialmente evacuadas, com a segurança sendo reforçada.
Nesta sexta-feira, o ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, e o chefe do Exército de Israel, o general Herzi Halevi, se reuniram com o chefe do Comando Central dos EUA, general Michael Kurilla, para coordenar uma resposta ao possível ataque.
Fontes iranianas e diplomatas americanos ouvidos pela agência de notícias Reuters disseram que Teerã sinalizou a Washington a intenção de evitar um agravamento das tensões e de não agir precipitadamente. Muitos, porém, temem que uma agressão iraniana poderá gerar uma espiral de violência fora de controle.
“A vingança virá”, afirmou o jornal israelense Yedioth Ahronoth. “Por hora, a hipótese é que será muito em breve, nos próximos dias.”
A emissora americana CBS, citando duas fontes anônimas do governo americano, disse que um ataque substancial com mísseis e drones poderia ser lançado já na noite desta sexta-feira.
Na quinta-feira, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que Israel também está se preparando para cenários de guerra em outras áreas além de Gaza. “Quem nos prejudicar, nós iremos prejudicar. Estamos nos preparando para atender às necessidades de segurança do Estado de Israel, tanto na defesa quanto no ataque”, afirmou, em comentários divulgados por seu gabinete após uma visita a uma base da Força Aérea no sul de Israel.
Biden reafirma apoio a Israel
O presidente dos EUA, Joe Biden, alertou que o Irã deve se abster de um ataque em solo israelense. Ao ser perguntado qual seria sua mensagem a Teerã, ele respondeu apenas don’t (“não o faça”) e garantiu que seu país está comprometido com a defesa de seu maior aliado na região.
“Nos dedicamos à defesa de Israel. Apoiaremos Israel. Ajudaremos Israel a se defender e o Irã não terá êxito”, afirmou. O presidente americano disse que não divulgaria informações confidenciais, mas que o ataque iraniano deveria ocorrer “mais cedo do que tarde”.
rc/av (Reuters, DPA, AFP)