Navio carregado de milho deixa a Ucrânia
Um navio transportando cereais ucranianos deixou o porto de Odessa na manhã desta segunda-feira (01/08), encerrando o bloqueio imposto pela Rússia às exportações de grãos por meio do Mar Negro desde o início da guerra na Ucrânia, no fim de fevereiro.
A retomada foi possibilitada por um acordo assinado em 22 de julho por Ucrânia e Rússia, mediado pela Turquia e pelas Nações Unidas, para permitir a exportação de cereais ucranianos, em meio a alertas de uma crise alimentar global. O acordo quase foi por água abaixo após a Rússia atacar o porto de Odessa horas depois da assinatura.
O ministério da Defesa turco afirmou nesta segunda que o navio Razoni, de bandeira de Serra Leoa e carregado de milho, teria o Líbano como destino.
O ministro ucraniano da Infraestrutura, Alexander Kubrakov, comemorou a partida do primeiro navio. “Hoje, a Ucrânia e parceiros dão mais um passo no sentido de prevenir a fome no mundo”, disse Kubrakov.
O ministro ucraniano disse ainda que o fim do bloqueio aos portos poderá gerar rendimentos de até 1 bilhão de dólares à economia ucraniana e permitir o planejamento da próxima safra de grãos.
A Ucrânia e a Rússia são grandes exportadores de cereais, e a interrupção das exportações ucranianas causada pela guerra tem elevado o preço de alimentos em todo o mundo. Kiev acusa a Rússia de roubar cereais e de queimar campos agrícolas, destruindo a infraestrutura econômica do país.
Outros 16 navios aguardam sua vez para deixar os portos ucranianos. Autoridades do país afirmam que quase 600 mil toneladas de cereais estavam impedidas de serem exportadas.
“Alívio para o mundo”
A retomada das exportações de cereais ucranianos é “um alívio para o mundo”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kouleba.
“É um dia de alívio para o mundo, em particular para os nossos amigos do Médio Oriente, da Ásia e de África, agora que os primeiros cereais ucranianos saíram de Odessa, após meses de bloqueio russo. A Ucrânia sempre foi um parceiro fiável e vai continuar assim se a Rússia respeitar a sua parte do acordo”, disse o ministro via Twitter.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também “saudou calorosamente” a partida do primeiro cargueiro com cereais ucranianos.
“O secretário-geral espera que este seja o primeiro de muitos navios comerciais, em conformidade com o acordo assinado e que vai trazer estabilidade e ajuda indispensáveis à segurança alimentar mundial, em particular nos contextos humanitários mais frágeis”, afirmou a ONU em comunicado.
Moscou nega a responsabilidade por uma crise alimentar, culpando as sanções ocidentais pela desaceleração das exportações e a Ucrânia por instalar minas perto de seus portos. A DW analisou os fatores por trás da crise de exportação de grãos.
lf (Reuters, Lusa)