Netanyahu critica Lula por comparar Israel a nazistas e convoca embaixador brasileiro
Primeiro-ministro de Israel diz que declarações do presidente do Brasil são vergonhosas e banalizam o Holocausto; Lula afirmou que ação de Israel em Gaza é pior que a de Hitler contra os judeus
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reagiu com indignação às declarações do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou a ação de Israel na Faixa de Gaza ao genocídio de judeus promovido por Adolf Hitler na Alemanha nazista. Netanyahu disse que as palavras de Lula são vergonhosas e graves, e que ele determinou a convocação do embaixador brasileiro em Israel para uma dura conversa de reprimenda.
Lula fez as declarações na última sexta-feira (16), durante uma visita oficial à Etiópia, onde participou de uma cúpula da União Africana. O presidente brasileiro criticou a postura de Israel na região, que considerou desproporcional e desumana, e disse que o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum momento histórico. “Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou Lula.
Netanyahu, que publicou sua resposta no sábado (17) em sua conta verificada na rede social X, disse que a comparação feita por Lula equivale a cruzar uma linha vermelha, e que se trata de banalizar o Holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender. “Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa, somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país, matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua carta de fundação a eliminação do Estado judeu”, escreveu o premiê israelense.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, também se manifestou no X, e disse que as declarações de Lula são vergonhosas e ofendem a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes. Katz confirmou a convocação do embaixador brasileiro em Israel, Gerson Meneses, para esclarecimentos. O embaixador, que estava em Brasília, deve retornar a Israel nos próximos dias para se reunir com as autoridades israelenses.
A fala de Lula também causou reação de entidades judaicas no Brasil, como a Confederação Israelita do Brasil (Conib) e a Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), que divulgaram notas de repúdio à comparação e pediram que o presidente se retratasse. As entidades disseram que a declaração de Lula é uma distorção perversa da realidade, e que Israel tem o direito de se defender dos ataques do grupo Hamas, que controla a Faixa de Gaza e que é considerado terrorista por vários países.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, por sua vez, não se pronunciou oficialmente sobre o assunto até o momento. O Itamaraty disse que está acompanhando a situação e que mantém o diálogo com Israel, com quem o Brasil tem relações diplomáticas desde 1949. O Brasil também reconhece o Estado da Palestina desde 2010, e defende uma solução pacífica e negociada para o conflito no Oriente Médio.