A Petrobras anunciou nesta sexta-feira (31) um aumento de R$ 0,22 no preço do diesel, que passará a ser comercializado a R$ 3,72 por litro aos distribuidores, a partir deste sábado (1º). Este reajuste representa uma alta de 6,29% no valor do combustível. A empresa informou que, devido à mistura de 86% de diesel A e 14% de biodiesel, a parcela da Petrobras no preço do diesel B nos postos será de R$ 3,20 por litro, com uma variação de R$ 0,19 a cada litro. Este é o primeiro aumento no preço do diesel aos distribuidores desde outubro de 2023.
A decisão ocorre em meio a discussões sobre os reajustes nos preços dos combustíveis, que envolveram o governo e a estatal ao longo da semana. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, para discutir o possível aumento, especialmente devido ao recuo do dólar e a defasagem do preço do diesel, que estava mais pronunciada.
Reajuste e os Efeitos Econômicos
O aumento de preço do diesel gerou discussões sobre a defasagem dos combustíveis em relação aos preços internacionais. Segundo Adriano Pires, economista do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a gasolina acumula uma defasagem de 7,54% e o diesel apresenta um atraso de 15,15% em relação aos preços praticados fora do Brasil. O reajuste de preços também foi impulsionado pela alta do ICMS, aprovado no final de 2024, que entra em vigor neste sábado, e impacta diretamente o valor do diesel e gasolina.
O aumento do ICMS sobre o diesel será de R$ 0,06, subindo para R$ 1,12, enquanto a gasolina e o etanol terão uma alta de R$ 0,10, para R$ 1,47. A medida foi aprovada pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) e gerou inquietação entre os caminhoneiros, que já preveem possíveis mobilizações, com um encontro marcado para o dia 8 de fevereiro, no Porto de Santos, para debater o impacto do reajuste.
Reações do Governo e Petrobras
Apesar das discussões em torno dos aumentos, o presidente Lula afirmou, em entrevista, que não autorizou o aumento do diesel. “A responsabilidade sobre o reajuste dos combustíveis é da Petrobras, não do presidente da República”, afirmou. Ele também mencionou que, se houver aumento, o preço ainda estará abaixo do que foi registrado em dezembro de 2022, destacando que, com a redução de R$ 0,77 por litro desde dezembro de 2022, o preço do diesel está mais baixo em termos reais.
Além disso, Lula ressaltou que as decisões sobre os combustíveis são tomadas pela Petrobras e não pelo governo federal, e que a estatal tem autonomia para definir os preços, embora o governo acompanhe de perto o impacto dessas decisões. O aumento no preço do diesel também foi acompanhado de perto pelo governo, que teme possíveis reações dos caminhoneiros, categoria que tem histórico de protestos em resposta a reajustes no combustível.
Expectativa e Impacto no Setor
Esse aumento no preço do diesel, somado à alta do ICMS, cria um cenário de incerteza para o mercado de combustíveis e para os setores mais afetados pela variação de preços, como o transporte rodoviário e as indústrias dependentes do combustível. O governo federal e a Petrobras devem continuar acompanhando a situação, especialmente com as manifestações de caminhoneiros previstas para fevereiro.
A Petrobras, por sua vez, afirmou que o ajuste segue a política de preços da empresa, que visa alinhar o preço do combustível com o mercado internacional. Além disso, a empresa destacou que a redução de R$ 0,77 por litro desde dezembro de 2022 representa uma queda de 17,1%, o que, mesmo com o aumento recente, ainda reflete uma tendência de preços mais baixos em comparação com períodos anteriores.