Opinião

Pix: onde estamos e para onde vamos

Após o Fórum Pix do Banco Central, no qual falou-se do estado atual do Pix e o que está sendo planejado para os próximos meses, dois pontos principais me chamaram atenção: 

  1. A consolidação do Pix na economia do país, com crescimento de transações de pessoas para empresas;
  2. A preocupação com a segurança e prevenção às fraudes como os roubos de celular – cada vez mais frequentes;

Além disso, novidades sobre novos produtos em concepção, como o Pix Internacional e o Pix Crédito. Para entendermos um pouco mais, vamos fazer um overview do crescimento do PIX e a presença dele no Open Finance.

O crescimento do Pix
Desde seu início, a quantidade de transações feitas e o volume financeiro que circula pelo sistema Pix tem aumentado bastante. Em julho e agosto deste ano, foi ultrapassada a marca de 2 bilhões de transações por mês, que correspondem a um volume de quase 1 trilhão de reais por mês.

A maioria esmagadora (68%) das transações ainda é feita entre pessoas físicas (ex.: amigos rachando a conta do churrasco), mas a quantidade de transações “P2B” (“Person to Business”) vem crescendo bastante e já chegou a 22% das transações. Isso é resultado não apenas de um maior número de estabelecimentos aceitando Pix, mas também de mais clientes optando por essa forma de pagamento.

Pix no Open Finance
O serviço de Iniciação de Pagamentos Pix está presente também no Open Finance Brasil e, apesar de ainda não ter volumes expressivos, é uma modalidade que vem crescendo. Ainda estamos em estágios iniciais com apenas 13 iniciadores oficialmente autorizados, mas a tendência é que esse número aumente (e muito!), especialmente porque a Iniciação de Pagamentos torna possível muitos novos tipos de serviços e produtos.

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Segurança é “prioridade absoluta”
O roubo de celulares para limpar o Pix é um crime que tem se tornado cada vez mais comum. Os ladrões obrigam a vítima a desbloquear o aparelho, acessam os apps de bancos e transferem todo o dinheiro disponível.

Como os valores são rapidamente pulverizados em diversas transações para outras contas, os mecanismos atuais de prevenção à fraude e de reembolso são insuficientes. Durante o tempo que leva para a vítima contestar a transação junto à instituição, a abertura da notificação de infração e a análise do caso, perde-se o tempo para o bloqueio e recuperação dos recursos.

Apesar de já existir o Mecanismo Especial de Devolução (MED), essa triangulação faz com que apenas cerca de 5% dos valores sejam recuperados. A situação é tão aguda que vídeos e artigos dando dicas de como bloquear os apps bancários fazem grande sucesso e já há quem ofereça “Seguros Pix” (Bradesco e Banco do Brasil, por exemplo).

Para resolver isso de maneira sistêmica, está em discussão uma nova proposta, chamada de “MED 2.0”, que prevê a abertura automática de notificações de ramificação sempre que processos de triangulação forem detectados (agilizando o processo de análise), e também define o bloqueio e devolução de recursos ao dono original até a 5ª camada de ramificação, um aumento significativo das regras atuais que dificultam a triangulação.

Produtos em Concepção
O Pix Saque e Pix Troco foram lançados no final do ano passado, e apesar do crescimento, ainda não viraram mainstream. Porém, cumprem um papel importante de ser a “ponte de ligação” entre o mundo físico do papel-moeda e o mundo digital do Pix.

Para os próximos desdobramentos, há alguns novos produtos em análise e em diferentes estágios de maturidade, incluindo:

  • Débito Automático
  • Pix Cobrança
  • Pix Crédito
  • Pix Internacional

Este último é bastante relevante para melhorar a interligação da economia mundial. Acredite, o Pix brasileiro é referência e está anos-luz à frente de outros países.

Conclusão
O Pix vem se consolidando cada vez mais, e como todo novo produto ou serviço, suas deficiências e necessidades vão sendo desvendadas após o uso no mundo real.

Pix: onde estamos e para onde vamos
João Marcos Barguil é head de Produtos Open Finance da OPUS Software(Divulgação/OPUS Software)

A questão da (in)segurança tem sido um grande fator de preocupação para os usuários e, pessoalmente, fico feliz de ver as propostas que estão surgindo para novos passos de segurança. Claro que ainda são propostas, e mesmo que fossem imediatamente aprovadas, levariam alguns meses para serem implementadas e trazerem impactos para os usuários.

De maneira geral, temos uma sinalização importante das prioridades do Banco Central: manter o ecossistema Pix saudável e permitir que seu crescimento seja cada vez maior, estimulando a eficiência da economia.

João Marcos Barguil é head de Produtos Open Finance da OPUS Software

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