Quem é Rocco Morabito, traficante italiano preso no Brasil
O segundo fugitivo mais procurado da Itália, o mafioso Rocco Morabito, foi preso na noite desta segunda-feira (24/05) em João Pessoa, na Paraíba, pela Polícia Federal. Ele estava foragido desde 2019, quando fugiu de uma prisão no Uruguai.
Na Itália, Morabito foi condenado a 30 anos de prisão por associação criminosa, tráfico de drogas e outros crimes graves. O italiano era procurado pelo envolvimento com a ‘Ndrangheta, a poderosa máfia calabresa, considerada uma das maiores e mais poderosas organizações criminosas do mundo.
Morabito foi uma das principais referências para os cartéis do narcotráfico sul-americanos e investigadores seguiram seus rastros por todo o continente em busca de seu paradeiro. Ele é considerado um dos principais expoentes do clã Morabito-Bruzzaniti-Palamara.
Nascido 1966 em Africo, na Calábria, ainda jovem ele deixou a terra natal para disseminar o tráfico em Milão e cuidar do transporte de drogas da América do Sul para o norte da Itália. Na década de 1990, Morabito ficou conhecido como o “rei da cocaína de Milão”.
O mafioso também era chamado pelo apelido “U Tamunga”, por dirigir pelas estradas da Calábria um Dkw Munga, veículo militar alemão considerado quase indestrutível. No Brasil, o carro é conhecido como “Candango”.
Vida de luxo com identidade falsa no Uruguai
De acordo com o jornal italiano la Repubblica, em 2002, Morabito, procurado pela polícia italiana desde 1995, se mudou para o Uruguai, de onde continuou comandando o tráfico de drogas da ‘Ndraghetta.
No país sul-americano, o italiano morou em uma luxuosa mansão em Punta del Este, sob uma falsa identidade. Com um passaporte brasileiro em nome de Francesco Antonio Capeletto Souza, ele se apresentava como um grande empresário do comércio da soja.
Ele ficou foragido por 23 anos, até ser preso em um hotel de luxo de Montevideo, em 2017. Na época, autoridades uruguaias apreenderam na residência dele uma pistola Glock 9 mm, 13 celulares, 12 cartões de crédito, 150 fotos mostrando Morabito vestido de diversas formas, com várias tonalidades de pele, dois automóveis e mais de 50 mil dólares em dinheiro.
Fuga cinematográfica
Após dois anos preso no Uruguai, em 2019, quando estava prestes a ser extraditado para Itália, Morabito e outros três criminosos internacionais realizaram uma fuga cinematográfica pelo telhado da penitenciaria e alcançaram a janela da casa de uma aposentada.
No local, os fugitivos deram de cara com Elida Ituarte. À senhora, Morabito explicou que havia escapado para “visitar a filha doente”. Em seguida, os quatro saíram, levando o dinheiro que a idosa tinha na carteira. Os outros três fugitivos foram recapturados, mas Morabito conseguiu escapar e seguiu gerenciando negócios do tráfico na América do Sul.
A Justiça uruguaia investigou 15 policiais que estavam de plantão na penitenciária no dia da fuga. Um ano depois, a polícia argentina prendeu Ferdinando Sarago, membro da ‘Ndrangheta, que havia repassado 50 mil euros para subornar os agentes, informou o jornal italiano Corriere della Sera.
A prisão de Morabito na Paraíba foi efetuada pela Polícia Federal em parceria com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a polícia italiana. O Serviço de Cooperação Internacional de Polícia participou ainda da investigação em conjunto com o Escritório Central da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) no Brasil.
O mafioso foi preso em um hotel, juntamente com outro integrante da ‘Ndrangheta, Vincenzo Pasquino, também incluído na lista dos criminosos mais procurados.
Por Deutsche Welle
le/cn (efe, afp, reuters, lusa, Agência Brasil, ots)