A eleição presidencial da Venezuela será realizada em 28 de julho, anunciou nesta terça-feira (05/03) a autoridade eleitoral do país, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão controlado pelo governo, após um acordo firmado entre o regime de Nicolás Maduro e a oposição. O dia escolhido para a votação coincide com a data de aniversário de Hugo Chávez.
O presidente do CNE, Elvis Amoroso, anunciou numa entrevista coletiva que a diretoria do órgão aprovou “por unanimidade” a data das eleições, a serem realizadas pouco mais de cinco meses antes de o vencedor assumir o cargo, em 10 de janeiro de 2025.
O cronograma “contempla todos os requisitos constitucionais, legais e técnicos”, disse Amoroso, ex-controlador responsável pela desqualificação de oponentes e sancionado pelos Estados Unidos em 2017 e pela União Europeia em 2020.
O anúncio da data também coincidiu com o 11º aniversário da morte de Chávez, cujo legado Maduro prometeu manter.
Maduro em campanha, oposição sob pressão
Maduro já parece estar fazendo campanha, com viagens ao interior do país para eventos governamentais e políticos que, até agora, vinham sendo exceção.
A oposição, por outro lado, está sob pressão, pois praticamente não tem candidato, depois que a ex-deputada María Corina Machado, favorita para a eleição presidencial, foi impedida de ocupar cargos públicos por 15 anos.
O prazo para o registro de candidatos foi estabelecido para 21 a 25 de março, e a campanha eleitoral será realizada de 4 a 25 de julho.
“Ele está dando à oposição 20 dias para resolver” sobre um possível candidato alternativo a Machado, disse à agência de notícias AFP Luis Vicente León, diretor da empresa de pesquisas Datanálisis, num momento em que a líder da oposição continua ativa em eventos políticos, apesar de sua desqualificação, ratificada pela Suprema Corte em janeiro, não permitir que ela se registre.
O governo e a oposição haviam concordado com eleições no segundo semestre de 2024 em negociações intermediadas pela Noruega, num pacto que inclui a observação da União Europeia e de outros atores internacionais.
A UE enviou uma missão em 2021 para as últimas eleições para governador e prefeito. O bloco identificou melhorias no sistema de votação, mas também irregularidades, como o uso de recursos públicos na campanha, a desqualificação “arbitrária” de candidatos e o estabelecimento de postos de controle do partido governista nas seções eleitorais.
A presença da missão europeia no país terminou abruptamente depois que Maduro classificou os observadores como “inimigos” e “espiões”.
Maduro, que governa desde 2013 depois de ter sido ungido por Chávez antes de sua morte, disse no início deste ano ser “prematuro” confirmar se ele buscaria um terceiro mandato, embora importantes dirigentes chavistas considerem como certa sua candidatura pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
Sua reeleição em 2018 foi considerada “fraudulenta” pela oposição, que boicotou as eleições, e pelos Estados Unidos, que impuseram uma série de sanções, numa tentativa malsucedida de tirá-lo do poder. A UE tampouco reconheceu o resultado.
md/av (AFP, Reuters, AP)