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Analistas do HSBC mostram insatisfação com JBS sobre desmatamentos no Brasil

Analistas do banco britânico HSBC demonstraram preocupação com a abordagem da companhia brasileira JBS em relação ao desmatamento no Brasil e discutiram sobre potenciais impactos em investimentos na gigante do setor alimentício.

carne frigorifico boi gado
(Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Um relatório do banco obtido pelo Bureau of Investigative Journalism (TBIJ), uma organização de mídia sem fins lucrativos baseada no Reino Unido, apontou que os analistas do HSBC acreditam que o frigorífico “não tem visão, plano de ação, cronograma, tecnologia e soluções” para monitorar sua cadeia de fornecimento de carne e evitar que o gado processado em suas fábricas não tenha ligação com áreas desmatadas na Amazônia.

Em uma reportagem publicada nesta quarta-feira (12/08) em parceria com o jornal The Guardian, o TBIJ  ainda apontou que os analistas do banco questionaram a JBS “múltiplas vezes” sobre seu plano para abordar a questão do desmatamento. Os analistas, segundo o  TBIJ, ficaram insatisfeitos e apontaram que “JBS está sob pressão”.

Os analistas do banco ainda apontaram que a JBS permitiu que um concorrente menor assumisse a liderança na abordagem do desmatamento. É uma referência à Marfrig, outra exportadora brasileira de carne bovina, que em junho se comprometeu publicamente em implantar até 2025 um sistema de rastreamento completo de toda a sua cadeia de produção.

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“Nunca vimos um grande líder da indústria deixar um assunto tão sério para um participante menor do setor”, aponta o relatório, segundo o TBIJ.

“Ser o maior fornecedor de soluções para o desmatamento no Brasil gera uma valorização benéfica. Infelizmente, não vemos a JBS inclinada a liderar e conquistar esse título”, aponta o relatório.

A reportagem ainda lembra que a JBS, que teve faturamento de 200 bilhões de reais em 2019 e que tem capacidade de processar mais de 75 mil bovinos por dia, já está sob forte pressão por causa de suspeitas de ligação com desmatamento.

Em julho, o braço de investimentos da Nordea Asset Management, um dos maiores grupos financeiros do norte da Europa, anunciou que não investiria mais na JBS e que estava excluindo ações avaliadas em 40 milhões de euros do seu portfólio. O grupo citou o histórico ambiental da JBS e que reuniões com a empresa brasileira não produziram resultados satisfatórios.

Poucos dias ante da decisão, um relatório da Anistia Internacional apontou indícios de que bovinos criados ilegalmente em áreas protegidas da Amazônia viraram bifes embalados com o selo da JBS.

No mesmo mês, uma reportagem conjunta do TBIJ, Guardian e Repórter Brasil apontou que uma fazenda multada por desmatamento ilegal em Mato Grosso teria usado os serviços de transporte da JBS para a prática de “triangulação de gado”, ou seja a transferência de bovinos de uma propriedade “ficha suja” para uma fazenda “ficha limpa”, que, por sua vez, revendeu as cabeças para a JBS. A companhia nega qualquer irregularidade.

O relatório do HSBC também menciona essa reportagem e outros problemas históricos, como o envolvimento da sua liderança em casos de corrupção.

“Após seu legado de problemas de governança e corrupção, o conselho e a liderança sênior da JBS precisam provar que a empresa realmente mudou”, diz o texto.

Apesar de todas essas restrições, o relatório, segundo o TBIJ, aponta que os analistas do HSBC ainda acreditam que é um bom negócio investir na multinacional brasileira.

“Gostamos da JBS por seu histórico de redução de dívidas, portfólio diversificado de proteínas, presença geográfica, liderança no setor e escala”, apontaram os analistas.

A empresa brasileira não respondeu os questionamentos dos jornalistas, afirmando que prefere não fazer nenhum comentário até o fim da semana, quando pretende divulgar seus mais recentes resultados financeiros para investidores e acionistas.

JPS/ots

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