Banco Central surpreende e reduz Selic em 0,5 ponto percentual
O Banco Central (BC) surpreendeu o mercado financeiro e reduziu a taxa Selic, a taxa básica de juros da economia, em 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano. A decisão foi tomada por 5 votos a 4 na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), encerrada nesta quarta-feira (2). Essa foi a primeira queda da Selic em três anos.
A maioria dos analistas esperava um corte de 0,25 ponto percentual, mas o BC optou por uma redução maior diante da forte queda da inflação nos últimos meses. Em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, ficou negativo em 0,08% e acumula 3,16% em 12 meses.
Em comunicado, o Copom informou que a melhora do quadro inflacionário e a queda das expectativas de inflação para prazos mais longos permitiram iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária. O comitê também sinalizou que pretende manter o ritmo de corte de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões.
A taxa Selic é o principal instrumento do BC para controlar a inflação e influencia todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras. A taxa Selic refere-se à taxa de juros apurada nas operações de empréstimos de um dia entre as instituições financeiras que utilizam títulos públicos federais como garantia.
O BC opera no mercado de títulos públicos para que a taxa Selic efetiva esteja em linha com a meta da Selic definida na reunião do Copom. A meta da Selic é definida com base no sistema de metas para a inflação, que estabelece um limite superior e um limite inferior para a variação do IPCA em um determinado período.
Para 2023, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não pode superar 4,75% nem ficar abaixo de 1,75% neste ano.
No Relatório de Inflação divulgado no fim de junho pelo BC, a autoridade monetária estimava que o IPCA fecharia o ano em 5% no cenário base. A projeção, no entanto, pode ser revista para baixo na nova versão do relatório, que será divulgada no fim de setembro.
As previsões do mercado estão mais otimistas que as oficiais. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 4,84%. Há um mês, as estimativas do mercado estavam em 4,98%.
Efeitos da queda da Selic A redução da taxa Selic ajuda a estimular a economia porque juros mais baixos barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas mais baixas dificultam o controle da inflação porque estimulam a demanda por bens e serviços.
No último Relatório de Inflação, o BC projetava crescimento de 2% para a economia em 2023. O mercado projeta crescimento maior, principalmente após a divulgação de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1% no primeiro trimestre deste ano.
A queda da Selic também tem impacto sobre a dívida pública federal. Isso porque os juros básicos são usados no cálculo dos juros da dívida pública e influenciam os prêmios dos títulos públicos nos leilões realizados pelo Tesouro Nacional. Quanto menores os juros, menor o custo da dívida pública.
Outro efeito da queda da Selic é a redução dos juros de mora, incidentes sobre tributos federais, cujos fatos geradores tenham ocorrido a partir de 1º de janeiro de 1995. Esses juros são calculados com base na taxa Selic acumulada mensalmente.