Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões via Pix em seis meses, diz Coaf
O ex-presidente Jair Bolsonaro arrecadou R$ 17,2 milhões por meio de transações de Pix entre 1º de janeiro e 4 de julho de 2023, segundo um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de combate à lavagem de dinheiro ligado ao Ministério da Fazenda. O documento aponta que os valores são “atípicos” e se referem “provavelmente” à campanha de arrecadação promovida por aliados do ex-presidente, cujos valores seriam supostamente usados para quitar multas processuais acumuladas por Bolsonaro.
A campanha foi lançada após a Justiça determinar um bloqueio de R$ 87 mil nas contas do ex-mandatário pelo não pagamento de multas aplicadas contra ele em São Paulo durante a pandemia, em 2021, por promover aglomerações e não usar máscara. A chave Pix de Bolsonaro foi divulgada nas redes sociais por ex-ministros da sua administração e alguns parlamentares do PL, como os deputados Mário Frias e Nikolas Ferreira.
De acordo com o relatório do Coaf, foram 769.717 operações de Pix efetuadas em seis meses que acabaram beneficiando o ex-presidente. As maiores transações vieram de um grupo de 18 pessoas, formado por advogados, empresários, militares, agricultores, pecuaristas e estudantes, que pagaram entre R$ 5 mil e R$ 20 mil cada ao ex-presidente.
Alguns doadores propagandearam suas transações nas redes sociais, entre eles Fabrício Queiroz, o “ex-faz-tudo” do clã Bolsonaro, e suspeito de ser o operador de um esquema de desvio de salários de funcionários-fantasmas do senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho do ex-presidente. Em junho deste ano, Queiroz divulgou um comprovante de Pix no valor de R$ 10 para o ex-presidente.
O documento se tornou público após ser enviado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas do 8 de Janeiro.
Bolsonaro ainda não prestou contas dos valores da “vaquinha” para seus apoiadores. Em 26 de junho, ele se limitou a dizer que já havia conseguido valores suficientes para pagar suas condenações e multas processuais. “A massa contribuiu com valores entre R$ 2 e R$ 22. Foi voluntário”, disse Bolsonaro na ocasião, prometendo detalhar os valores “mais para frente”.
Os R$ 17,2 milhões via Pix correspondem a grande parte do valor que circulou nas contas de Bolsonaro em 2023. No total, o ex-presidente movimentou R$ 18,5 milhões. Entre as transações que não parecem ter relação com a campanha de arrecadação, está uma transferência de R$ 3,6 mil para Walderice Santos da Conceição, a Wal do Açaí, que em 2018 foi apontada como funcionária-fantasma do então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, e que acabou exonerada após o caso vir a público.
Bolsonaro ainda não comentou a divulgação do relatório do Coaf. O ex-ministro e atual advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, se limitou apenas a reclamar do “vazamento” do documento. “São inadmissíveis os vazamentos de quebras de sigilos financeiros de investigados no inquérito de 8/1 e ou de qualquer outra investigação sigilosa. Faz-se necessário identificar quem está entrando na tal sala cofre para que as medidas judiciais sejam tomadas. Quem vazou será criminalizado”, escreveu em suas redes sociais.
O ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões por meio de transações de Pix em seis meses, segundo um relatório do Coaf. O órgão aponta que os valores são “atípicos” e se referem “provavelmente” à campanha de arrecadação promovida por aliados do ex-presidente, cujos valores seriam supostamente usados para quitar multas processuais. Bolsonaro ainda não prestou contas dos valores aos apoiadores. O documento se tornou público após ser enviado à CPMI que investiga os atos golpistas do 8 de Janeiro.