Opinião

Caso Corinthians destaca transformações no mercado brasileiro de apostas e cassinos online

(Reprodução)

O recente caso da Vai de Bet, que retirou o patrocínio do Corinthians após investigações sobre o envolvimento de “laranjas” na negociação, evidencia a evolução do mercado de apostas no Brasil. Este evento sublinha a crescente preocupação dos players com a profissionalização do setor, transparência e integridade em suas operações. A postura firme na cobrança sobre a destinação dos recursos e a lisura do processo refletem um esforço coletivo para garantir práticas éticas e conformidade com as regulamentações, reforçando a credibilidade e a sustentabilidade do mercado. 

Essas dinâmicas indicam um período de transformações e oportunidades no mercado brasileiro de apostas, não apenas para os operadores, mas para todo o ecossistema de apostas, atraindo tanto investidores locais quanto internacionais. O país tem se destacado pela sua capacidade de desenvolver soluções adaptadas à sua diversidade, aumentando o interesse dos investidores em operações locais. Quanto maior o nível de sofisticação das soluções, profissionalização da gestão, qualidade das informações, estratégia clara de crescimento e bom relacionamento com o mercado, maior a atratividade dos ativos frente aos investidores. 

Os operadores menores estão se aliando a grandes players, estabelecendo parcerias estratégicas que lhes permitem atuar como “Master Afiliados”, aliviando-os das preocupações operacionais e permitindo um foco exclusivo em atividades de marketing e prospecção. A regulamentação já está atraindo a atenção de investidores e impulsionando movimentos estratégicos de grandes players de diversos setores, como mídia, telecomunicações e software, que consideram aquisições e parcerias para garantir sua posição competitiva. 

Com o avanço da regulamentação e a publicação de portarias complementares que trazem a segurança jurídica necessária para a atração de investimentos, o Brasil tornou-se o foco de expansão de investidores de todo o mundo. Atualmente, o mercado brasileiro conta com mais de mil empresas de apostas, conhecidas como “bets”, operando no país. 

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Em 2023, essas empresas movimentaram mais de R$50 bilhões, superando a exportação de carne bovina e a economia de estados como Sergipe e Tocantins, e representaram 25% dos 14,2 bilhões de acessos a sites do gênero em todo o mundo. No entanto, a falta de estrutura organizacional e financeira em muitas operadoras limita seu potencial de atração de investimentos ou aquisições. 

É esperado que, à medida que as regulamentações se definam, vejamos um movimento natural de ajustes entre os operadores, semelhante ao “Campeonato Brasileiro”. Devemos ver um cenário em que cinco operadores disputarão a liderança, onze trabalharão para entrar no top 5, e quatro lutarão para não cair. Outros operadores atuarão em divisões inferiores ou no mercado ilegal. 

Este movimento de consolidação pode se tornar uma oportunidade para algumas operações robustas, enquanto outras podem ser encerradas devido às rígidas regulamentações e à necessidade de cumprir novas exigências, anteriormente inexistentes, como soluções KYC, imposto sobre o GGR e a integração a organismos como a IBIA e IBJR, colocando forte pressão nas margens operacionais.

Recentemente, em dezembro do ano passado, uma lei sancionada pelo presidente Lula (PT) regulamentou as apostas de cota fixa, incluindo as esportivas e jogos de cassino online. Este marco legal estabeleceu impostos sobre os prêmios e regras para a publicidade do setor, proporcionando maior segurança jurídica e impulsionando o interesse de investidores globais. A história das apostas no Brasil, marcada por quase cinco décadas de proibição entre 1946 e 1993, reflete a busca da sociedade em suprimir vícios associados ao jogo. A revogação da proibição em 1993 abriu caminho para a regulamentação governamental, visando arrecadação fiscal e controle efetivo da indústria.

Em plena ebulição, o mercado brasileiro de apostas e cassinos online vive uma fase de intensa atividade e tem potencial para se tornar um dos maiores do mundo em termos de receita bruta de jogos (Gross Gaming Revenue – GGR), atraindo a atenção de investidores globais para operações de fusões e aquisições (M&A).

Vitor Medeiros é Analista de M&A (Fusões e Aquisições) na Hand – assessoria especializada em fusões e aquisições (M&A) e gestão de empresas. Formado em Administração de Empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com especializações na área de Finanças Corporativas pela Saint Paul Escola de Negócios.

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