CGU conclui que é falso registro de vacinação de Bolsonaro
O ex-presidente apresentou um cartão de vacinação adulterado que constava uma dose da Janssen em julho de 2021, segundo a Controladoria-Geral da União.
Uma investigação da Controladoria-Geral da União (CGU) apontou indícios de que o ex-presidente Jair Bolsonaro não se vacinou contra a Covid-19 e apresentou um cartão de vacinação adulterado. O cartão de Bolsonaro registra uma dose do imunizante fabricado pela Janssen em 19 de julho de 2021, em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de São Paulo (SP), mas a CGU verificou que essa informação é falsa.
De acordo com o relatório da CGU, o cartão de vacinação de Bolsonaro foi adulterado a partir de um modelo disponível na internet, que continha dados de outra pessoa. A CGU identificou que o código QR do cartão de Bolsonaro não correspondia ao sistema do Ministério da Saúde, e que o número do CPF do ex-presidente estava incorreto.
A CGU também constatou que Bolsonaro não estava cadastrado no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), que registra as doses aplicadas nos brasileiros. Segundo o relatório, não há evidências de que Bolsonaro tenha se vacinado contra a Covid-19 em nenhum momento.
O registro da vacinação é do dia 19 de julho de 2021, em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de São Paulo, e foi inserido no sistema em 14 de dezembro de 2021. Nele, consta uma dose do imunizante fabricado pela Janssen. Porém, o registro da vacinação só foi enviado para a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) em 18 de outubro de 2022, às 22h44.
A CGU ouviu depoimento da enfermeira indicada no cartão de vacinação como aplicadora do imunizante, que negou ter feito a aplicação. Também foram feitas oitivas de funcionários que trabalhavam na UBS no dia da suposta vacinação, mas todos negaram ter visto Bolsonaro no local.
Além disso, foram levantadas informações sobre o lote da vacina que teria sido aplicada em Bolsonaro. Segundo a CGU, os dados deram conta de que tal lote não estava disponível naquela data na UBS paulistana em que teria ocorrido a imunização.
Os investigadores ainda verificaram que, segundo informações fornecidas pela Força Aérea Brasileira (FAB), o ex-presidente sequer estava em São Paulo no dia da suposta vacinação.
A falsificação do cartão de vacinação pode configurar os crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso e prevaricação, além de infração sanitária. A CGU encaminhou o relatório ao Ministério Público Federal, que pode abrir uma investigação sobre o caso.