Execução de filho de traficante deixa polícia em alerta no Amazonas
A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) anunciou reforço no policiamento após o assassinato de Luciano da Silva Barbosa, o “L7”, filho do narcotraficante José Fernandes Barbosa, o “Zé Roberto”, considerado o “cabeça” de uma organização criminosa atuante no Amazonas.
No Boletim de Ocorrência (B.O) registrado pela mãe de Luciano, Maria Delzeni Almeida da Silva, 49, por volta das 4h, aproximadamente, 20 homens encapuzados invadiram a residência localizada na zona rural de Manacapuru, Comunidade Santa Maria, e com armas de fogo executaram Luciano e o degolaram. O esposo de Delzeni, Silviney Oliveira Araújo, 42, tentou fugir pulando na água, mas também foi alvejado e morreu. Ela alega que o companheiro não era envolvido com o tráfico.
Para o especialista em Segurança Pública Hilton Ferreira, uma das principais consequências de crimes como esse são o reflexo de medo na sociedade. “Existe o pânico na população, principalmente, nas mídias sociais e nas áreas que a organização criminosa atua”.
“Existe um desgaste das Forças de Segurança, com quadros reduzidos por conta do nosso maior evento em Parintins. Mais de 500 policiais militares foram escalados”, avalia o especialista ao afirmar que os próximos três dias serão fundamentais na tomada de decisões por parte das Forças de Segurança.
O sociólogo e doutorando do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da UFPA Francinézio Amaral acredita ser preciso entender o sentimento de insegurança após uma execução como essa. “O aumento dos índices de violência e criminalidade está diretamente ligado aos índices de desigualdade social, desemprego, desesperança, fome e, inclusive, agressões ao meio ambiente”.
Para ele, apenas a ação extensiva e isolada de reforço de segurança não é suficiente para conter a criminalidade. “Para combater a violência e a criminalidade é preciso buscar resolver, de forma conjunta, todos os demais problemas estruturais da sociedade. Sem isso, estes ciclos de violência e criminalidade continuarão se repetindo e a população continuará com a sensação, cada vez mais forte, de insegurança”, afirma.
Ficha Criminal
Luciano foi preso pela última vez no Fórum Ministro Henoch da Silva Reis, situado na Zona Sul de Manaus, onde os policiais cumpriram mandado de prisão em setembro de 2021, mas cumpria pena em regime semiaberto e era monitorado com uso de tornozeleira eletrônica. Luciano morava com a família no interior desde então.
No Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), Luciano respondia por quatro homicídios entre os anos de 2017 e 2021, sendo três deles ainda em andamento e esperando para ser julgado.
Dias após a prisão no Fórum, Luciano chegou a declarar que abandonaria a liderança de facções e iria buscar a Deus. “Eu estou abrindo mão de tudo, quero mais não, para mim chega. Se não minha vida só vai ser essa aqui, cadeia ou morto. É de coração, espero que ele me entenda, eu fiz o que pude. Não dá não, se não vou acabar que nem meu pai. Eu não tive nem a oportunidade de ver meu filho, não estou nem há um ano na rua e já fui perseguido de novo. Chico Velho, tu é meu irmão, mas para mim já deu. Quero que você tenha uma boa sorte, aí, que eu vou buscar a Deus e a minha família que está sofrendo muito. Assim como eu não estou bem”, disse em vídeo.
‘Zé Roberto’
José Fernandes Barbosa, o “Zé Roberto da Compensa”, está, atualmente, preso na Penitenciária Federal de Campo Grande e era o líder da organização criminosa no Amazonas e elo do narcotráfico da tríplice fronteira Brasil-Peru-Colômbia.
“Zé Roberto” iniciou na vida do crime aos 12 anos de idade e foi o responsável por rebeliões no Estado do Amazonas, tendo, inclusive, matado dois integrantes que haviam saído da organização, a qual ele era líder, durante fuga da prisão em 2013. “Zé Roberto” já esteve preso na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia, e na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná.
‘Operação Inquietação’
“Nossa polícia estará muito pesada, hoje, na rua. Eu quero, inclusive, a compreensão da sociedade amazonense. Nós teremos muitas barreiras policiais, fazendo pontos de abordagens em diversas áreas da cidade, principalmente, nos locais de conflito. Seremos muito duros no combate ao crime organizado, ainda mais”, afirmou o comandante-geral da PM-AM, coronel Marcos Vinicius, durante lançamento da operação na tarde desta quinta-feira, 23.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, por determinação do governador Wilson Lima, o policiamento será reforçado nos 62 municípios do Amazonas para combater o tráfico de drogas e reduzir o registro de ocorrências policiais.