Política

Diretor-adjunto da Abin é demitido por Lula após suspeita de espionagem ilegal

Alessandro Moretti, diretor-adjunto da agência, é suspeito de participar de um esquema de produção de informações clandestinas durante o governo Bolsonaro

“Eu não posso admitir que a Abin seja usada para fins políticos ou para espionar quem quer que seja”, afirmou Lula(Ricardo Stuckert – PR)

Lula exonerou nesta terça-feira (30) Alessandro Moretti do cargo de diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A demissão foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União e ocorre um dia após a Polícia Federal (PF) deflagrar uma operação que investiga um suposto esquema de espionagem ilegal dentro da Abin durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Segundo a PF, Moretti teria integrado uma “estrutura paralela” de produção de informações clandestinas na Abin, que teria como objetivo monitorar e prejudicar adversários políticos de Bolsonaro, como o ex-ministro da Justiça Sergio Moro e o governador de São Paulo, João Doria. Um dos alvos da operação foi o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente e apontado como o mentor do esquema.

A operação, batizada de Vigilância Aproximada, cumpriu 21 mandados de busca e apreensão em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Foram apreendidos celulares, computadores, documentos e equipamentos de espionagem. A PF também solicitou o afastamento de Moretti e de outros servidores da Abin envolvidos no caso.

Moretti é delegado da PF e estava na Abin desde março de 2023, quando foi nomeado pelo então diretor-geral da agência, Alexandre Ramagem, que hoje é deputado federal pelo PL-RJ. Ramagem também é investigado pela PF por suposta participação no esquema de espionagem. Ele nega as acusações e diz que a operação é uma “perseguição política” contra ele e Bolsonaro.

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Em entrevista, Lula declarou que se fosse comprovado o envolvimento de Moretti no monitoramento ilegal feito no governo passado, não haveria condições de ele permanecer na instituição.

“Eu não posso admitir que a Abin seja usada para fins políticos ou para espionar quem quer que seja. A Abin é um órgão de Estado, que deve servir aos interesses da nação, e não de um governo ou de um partido. Se ficar comprovado que houve desvio de conduta, os responsáveis serão punidos com rigor”, declarou Lula.

Com a saída de Moretti, o segundo maior posto da Abin será ocupado por Marco Aurélio Chaves Cepik, que é professor universitário e o atual diretor da Escola de Inteligência da Abin. Além dele, outros sete diretores de departamentos da agência também serão substituídos, em uma ampla reformulação do órgão.

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