Política

Instituições brasileiras terão paz, diz Lula em discurso

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um discurso emocionado a deputados e senadores aliados nesta quinta-feira (10/11), no auditório do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição em Brasília.

No pronunciamento sobre o “Brasil do Futuro”, ele chorou ao falar sobre tirar os brasileiros da fome; afirmou que seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), não será ministro em seu governo; disse que o presidente Jair Bolsonaro (PL) deve desculpas ao povo brasileiro e às Forças Armadas; e prometeu que, com ele de volta ao Planalto, as instituições do país terão paz.

O discurso ocorreu um dia depois de Lula ter se reunido na capital federal com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.

Lula segura o microfone enquanto discursa. Com a outra mão gesticula ao caminhar diante de outros convidados no Palco. Ao fundo, Geraldo Alckmin e Gleisi hoffmann aplaudem.
Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente eleito (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

“Ontem vim aqui para visitar as instituições brasileiras e dizer o seguinte: ‘A partir de agora, vocês vão ter paz. Vocês não vão ter um presidente desaforado, querendo intervir na Suprema Corte, querendo intervir na Justiça Eleitoral, querendo intervir no Congresso Nacional'”, afirmou o petista, lembrando os ataques travados por Bolsonaro contra os demais Poderes durante seu mandato.

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Lula também abordou a reunião que teve com o presidente da Câmara dos Deputados, a quem prometeu não interferir na eleição para o comando da Casa: “Eu fui conversar com o Lira por uma única razão. Eu sei o que ele pensa ideologicamente, eu sei que ele é meu adversário, mas ele é o presidente da Câmara eleito pelos deputados, e o presidente da República necessita conversar, necessita dialogar.”

Segundo o petista, não cabe ao presidente da República “se intrometer” na escolha dos presidentes da Câmara e do Senado. “É da responsabilidade de vocês”, afirmou, dirigindo-se aos parlamentares aliados reunidos no CCBB.

Ele também defendeu um maior diálogo entre o Planalto e os membros do Congresso, independentemente do partido. “Eu não enxergo dentro da Câmara e do Senado essa coisa do Centrão. Eu enxergo deputados que foram eleitos e que, portanto, vamos ter que conversar com eles para garantir as coisas que serão necessárias para melhorar a vida do povo brasileiro.”

Lula cobra pedidos de desculpa de Bolsonaro

O presidente eleito mencionou ainda o papel dos militares na fiscalização das urnas eletrônicas, o qual chamou de humilhante e deplorável. Segundo Lula, Bolsonaro deve um pedido de desculpas às Forças Armadas, por envolvê-las nesse processo, e também aos brasileiros, por ter mentido.

“Ontem aconteceu uma coisa humilhante, deplorável para as nossas Forças Armadas: um presidente da República, que é o chefe supremo das Forças Armadas, não tinha o direito de envolver as Forças Armadas a fazer uma comissão para investigar urnas eletrônicas, coisa que é da sociedade civil, dos partidos políticos e do Congresso Nacional”, declarou o petista.

Lula se referia ao relatório produzido pela equipe técnica das Forças Armadas sobre a fiscalização das urnas eletrônicas, entregue na quarta-feira pelo Ministério da Defesa ao TSE. O texto não aponta qualquer fraude ou inconsistência no sistema eletrônico de votação.

“Não sei se o presidente está doente. Mas ele deveria vir à TV pedir desculpas para a sociedade brasileira e para as Forças Armadas. As Forças Armadas foram humilhadas apresentando relatório que não diz nada, nada! Absolutamente nada daquilo que ele [Bolsonaro] durante tanto tempo acusou”, disse o petista, arrematando: “Um presidente não pode mentir, não é aceitável.” O presidente eleito reiterou que “Bolsonaro tem uma dívida com povo brasileiro”: “Peça desculpa pela quantidade de mentiras que falou.”.

Combate à fome

No auditório do CCBB, Lula também afirmou que foi eleito com a promessa de cuidar dos mais pobres: “A gente não tem que ter vergonha de dizer que o nosso voto é o voto daquelas pessoas que mais necessitam. É daquelas pessoas que um dia viveram num país que tinha um governo que olhou para elas”, disse, referindo-se aos seus dois mandatos anteriores, de 2003 a 2011.

O petista chorou ao reafirmar seu compromisso com o combate à fome no Brasil. “Se, quando eu terminar esse mandato, cada brasileiro estiver tomando café, almoçando e jantando outra vez, eu terei cumprido a missão da minha vida”, disse, caindo aos prantos.

“Desculpem, desculpem. Mas o fato é que eu jamais esperava que a fome voltasse nesse país”, continuou Lula, logo após receber um lenço de sua esposa, Janja, que dividia o palco com ele, ao lado do vice Alckmin e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

Alckmin não será ministro

Pela primeira vez presente na sede do governo de transição, o presidente eleito disse ainda que Alckmin não disputa vaga de ministro em seu governo.

O ex-governador de São Paulo é responsável pela coordenação geral da transição, que será apoiada por três coordenações principais: Administrativa e Jurídica, Relações Institucionais, e Programa de Governo e Núcleos Temáticos. Além desses grupos, Janja foi nomeada coordenadora da organização da posse, em 1º de janeiro.

“Eu fiz questão de colocar o Alckmin como coordenador para que ninguém pensasse que o coordenador vai ser ministro. Ele não disputa vaga de ministro porque é o vice-presidente”, assegurou Lula.

ek/av (ots)

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