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Em delação, ex-PM dá detalhes de assassinato de Marielle

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flavio Dino, anunciou nesta segunda-feira (24/07) novidades na investigação do assassinato da Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Segundo Dino, o ex-PM Élcio Queiroz, um dos presos pelo crime, fez uma delação premiada e confirmou a sua participação e a do ex-sargento da PM Ronnie Lessa nos assassinatos. Ainda segundo Dino, Queiroz ainda implicou o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o “Suel”, no caso.

Corrêa foi preso nesta segunda-feira, no âmbito da Operação Élpis, que integra ainda a primeira etapa da investigação que apura os assassinatos de Marielle e Anderson, bem como a tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves. Outros sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos na cidade do Rio de Janeiro e na região metropolitana.

Segundo o ministro Dino, Lessa e Queiroz participaram da execução e Corrêa atuou no planejamento e proteção dos outros participantes. “O senhor Maxwell comparece nas investigações na preparação, inclusive na ocorrência de campana, de vigilância de acompanhamento da rotina da vereadora Marielle, e posteriormente no acobertamento dos autores do crime”, disse o ministro.

Na delação, Queiroz confessou ainda que dirigiu o Cobalt prata usado no ataque e afirmou que Lessa fez os disparos com uma submetralhadora contra Marielle e Anderson.

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Élcio de Queiroz, que no momento aguarda julgamento, receberá benefícios em razão do acordo de delação, mas seguirá preso.

Suspeito preso

Suel já havia sido preso em 2020, durante a operação Submersos II, por suspeita de envolvimento no crime e também por obstrução das investigações. Condenado a quatro anos de prisão por atrapalhar os trabalhos de investigação em 2021, ele teve a pena, cumprida em regime aberto, aumentada para seis anos e nove meses.

Segundo o MPRJ, o ex-bombeiro é suspeito de ter emprestado o carro entre os dias 13 e 14 de março para esconder as armas e munições que seriam utilizadas no crime – as apurações também indicam a participação dele no planejamento dos assassinatos.

O arsenal seria de posse de Ronnie Lessa, acusado de ser o executor de Marielle e Anderson, e teria sido armazenado em um apartamento dele antes de, supostamente, ter sido jogado no mar com a ajuda de Suel.

O ex-bombeiro foi detido em casa, no mesmo local onde havia sido preso anteriormente, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio de Janeiro, e foi levado para a sede da PF na Zona Portuária. Um carro também foi apreendido.

Reações


A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, publicou mensagem no Twitter em que reafirma a confiança nas investigações. “Falei agora por telefone com o ministro Flávio Dino e com o  diretor-geral da Polícia Federal sobre as novidades do caso Marielle e Anderson. Reafirmo minha confiança na condução da investigação pela PF e repito a pergunta que faço há cinco anos: quem mandou matar Marielle e por quê?”

Também no Twitter, o ex-deputado e atual presidente da Embratur, Marcelo Freixo, que atuou com Marielle no Rio de Janeiro, também considerou o anúncio de Dino como um passo importante para a solução do crime. “Quem mandou matar Marielle? Mais um passo importante da Polícia Federal para identificar os mandantes do crime. Marielle e eu trabalhamos juntos desde 2006 e sempre enfrentamos a máfia assassina que comanda o RJ. Por isso, apontar os autores desse crime político é crucial para reconstruirmos nosso Estado”, escreveu.

Relembre o caso


O promotor Eduardo Moraes, um dos investigadores do caso, afirmou em entrevista coletiva nesta segunda que a execução foi motiva por conta das causas defendidas por Marielle.

Segundo Moraes, Lessa tinha “ojeriza” às causas defendidas pela vereadora de esquerda. No entanto, Moraes também disse que esse fato não exclui outras motivações para o crime. Por enquanto, um suposto mandante do crime ainda não foi revelado.

Na noite de 14 de março de 2018, Marielle deixou um debate na ONG Casa das Pretas, no centro do Rio. Pouco tempo depois, o veículo foi emboscado e alvo de tiros no bairro do Estácio, quando seguia para a casa da vereadora.

Marielle e o motorista Anderson Gomes morreram na hora. Uma assessora da parlamentar, que também estava no automóvel, sobreviveu – posteriormente, ela deixaria o país. O ataque, cuidadosamente planejado, tinha a marca de profissionais – com a possível participação de ex-agentes do Estado.

Os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram presos cerca de um ano após o crime. Lessa é acusado de ser o autor dos disparos, enquanto Queiroz é suspeito de dirigir o automóvel usado no crime.

Até 2018, Marielle, então com 38 anos, ainda não era muito conhecida fora do Rio de Janeiro. Vereadora de primeiro mandato e atuante em causas sociais, especialmente na luta antirracista e na promoção de pautas feministas e LGBTQ, Marielle logo se transformaria tragicamente num símbolo da violência no Brasil.

gb (ots)

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