Vacina da Pfizer tem eficácia de 85% já após primeira dose
A primeira dose da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela farmacêutica americana Pfizer e a empresa alemã Biontech tem eficácia de 85% em um período de duas a quatro semanas após a aplicação, segundo um estudo divulgado nesta sexta-feira (19/02).
A pesquisa, publicada na revista científica The Lancet, foi realizada com a ajuda de profissionais de saúde do maior hospital de Israel. O país realiza a campanha de vacinação em massa tida como a mais rápida em todo o mundo, lançada no dia 19 de dezembro.
O estudo foi realizado no hospital Sheba, próximo a Tel Aviv, onde 7.214 funcionários receberam a primeira dose em janeiro. Foi registrada uma redução de 85% nos casos sintomáticos num período entre 15 e 28 dias. A redução das infecções incluindo também os casos assintomáticas foi de 75%.
Estudos realizados em Israel concluíram que a eficácia da vacina é de 95% depois da aplicação da segunda dose. A pesquisa divulgada na Lancet foi realizada com mais de 9 mil profissionais do hospital. Deles, mais de 7 mil já haviam recebido a primeira dose do imunizante. Os demais ainda não haviam sido vacinados.
Gili Regev-Yochay, epidemiologista do Sheba, pediu cautela, afirmando que o estudo foi realizado em grande parte em pessoas jovens e saudáveis. As pesquisas, porém, foram realizadas durante o pico das infecções no país, com os hospitais sobrecarregados de pacientes.
Retardar segunda dose para vacinar mais pessoas
“O que vemos é uma eficácia realmente alta logo após duas semanas, e entre duas e quatro semanas após a vacina, de 85% de redução em infecções sintomáticas”, disse Regev-Yochay, coautora do estudo.
O estudo foi divulgado logo depois de pesquisadores do Canadá sugerirem que a aplicação da segunda dose da vacina Pfizer-Biontech pode ser atrasada, devido ao alto índice de proteção após a primeira inoculação, de modo a aumentar o número de pessoas vacinadas.
A pesquisa canadense afirma que a eficácia do imunizante é de 92,6% após a primeira dose. A conclusão se baseia em documentos enviados pelos fabricantes sobre os últimos testes em humanos submetido para o Departamento de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos em dezembro.
Segundo a agência reguladora americana, os dados mostram que o imunizante já fornecia proteção antes mesmo da aplicação da segunda dose.
A Pfizer se recusou a comentar sobre as pesquisas, ao afirmar que a empresa realiza suas próprias análises sobre a eficácia da vacina. A farmacêutica deve utilizar os dados israelenses para avaliar o potencial da vacina em proteger contra as variantes mais contagiosas do coronavírus.
Vacina suporta temperatura mais quente
Também nesta sexta-feira, as fabricantes disseram que sua vacina pode suportar temperaturas mais quentes do que se pensava inicialmente, o que simplificaria potencialmente a complexa logística da cadeia de distribuição.
As empresas solicitaram ao órgão regulador dos EUA a permissão para que a vacina seja armazenada por até duas semanas em até 15 graus Celsius negativos, temperatura comumente encontrada em freezers e geladeiras farmacêuticas.
Sob as diretrizes existentes, a vacina BioNTech/Pfizer precisa ser armazenada a uma temperatura de entre 80 a 60 graus Celsius negativos até cinco dias antes do uso, um processo delicado que requer recipientes especiais para embarque e gelo seco para armazenamento.
“Se aprovada, esta nova opção de armazenamento ofereceria às farmácias e centros de vacinação maior flexibilidade na forma como administram seu fornecimento de vacinas”, disse o CEO da Pfizer, Albert Bourla, em comunicado.
A vacina BioNTech/Pfizer foi a primeira contra a covid-19 a ser aprovada no Ocidente, no final do ano passado, e está em uso em dezenas de países.
Por Deutsche Welle
rc/rpr (AFP, Reuters)