Covid-19

Vacina de Oxford tem eficácia limitada contra cepa sul-africana, diz estudo

A vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca oferece proteção limitada contra casos leves e moderados da variante detectada na África do Sul, segundo resultados preliminares de um estudo.

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(Fiocruz/Reprodução)

A pesquisa, que será publicada na íntegra nesta segunda-feira (08/02), foi realizada por especialistas das universidades de Oxford e de Witwatersrand, na África do Sul. Ela foi antecipada pelo jornal britânico Financial Times e ganhou grande repercussão na Europa, onde a vacina é amplamente usada.

A variante sul-africana do coronavírus (chamada B1351) é uma das que mais preocupam atualmente os cientistas, juntamente com as identificadas no Reino Unido (B117) e no Brasil (B1128).

Um porta-voz da AstraZeneca esclareceu à imprensa local que nesta “pequena fase 1 / 2 do ensaio clínico, os resultados preliminares mostraram eficácia limitada contra sintomas leves e moderados causados principalmente pela variante sul-africana B1351”.

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A farmacêutica indicou que ainda não foi capaz de determinar adequadamente se a vacina evitaria a doença de uma forma mais grave e hospitalizações causadas pela mutação, já que a maioria dos participantes do estudo – 2 mil pessoas – era adultos jovens e saudáveis.

O porta-voz disse que existe a confiança na empresa de que a vacina oferece proteção contra casos graves, pois cria anticorpos neutralizantes semelhantes aos de outras vacinas.

A porcentagem exata de eficácia da vacina de Oxford contra casos leves e moderados da mutação sul-africana não foi divulgada.

Ao longo desta semana, Oxford espera divulgar várias análises sobre a capacidade de sua vacina de neutralizar as diferentes variantes do coronavírus. 

Eficácia contra variante britânica

A vacina de Oxford mantém a efetividade diante da variante britânica do patógeno que provoca a covid-19, segundo indicam evidências científicas divulgadas na sexta-feira.

Pesquisadores da instituição acadêmica britânica apontaram para um efeito similar, quando se trata de combater a mutação do novo coronavírus ou fazer frente a cepa original.

A comunidade científica está preocupada com a possibilidade de que as vacinas que estão sendo aplicadas no Reino Unido pudessem deixar de ser efetivas contra a variante britânica.

A variante, inicialmente identificada em Kent, sul da Inglaterra, é mais transmissível, o que levou muitos países a restringirem viagens ao Reino Unido. Também levou a um pico de infecções que forçou um novo lockdown nacional na Inglaterra no mês passado.

No estudo, que ainda não foi publicado formalmente, também é descrita a análise que sugere que vacinar com o agente imunizante da Oxford/AstraZeneca resulta em uma redução na duração da carga viral, o que poderia se traduzir uma queda da transmissão.

Eficácia média de 82% com duas doses

A vacina oferece pelo menos 76% de proteção contra o coronavírus e reduz a transmissão em 67% até 12 semanas após a aplicação da primeira dose.

Segundo um estudo publicado na revista científica The Lancet, a eficácia de 76% se refere ao período entre o 22º e 90º após a aplicação da primeira dose, e a proteção não cai durante esse período.  A  eficácia da vacina chega a 82,4% quando aplicada a segunda dose três meses após a primeira.

A divulgação do estudo é importante porque dá suporte ao Reino Unido, um dos países que mais vacina no mundo, na controversa decisão de estender o intervalo entre a primeira e a segunda dose, em meio  a atrasos no fornecimento do imunizante.

A vacina de Oxford no Brasil

O primeiro lote do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) para a produção das vacinas Oxford/AstraZeneca pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) chegou no sábado (06/02) ao Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. O material deve finalmente possibilitar a produção dessa vacina contra a covid-19 em território nacional, após seguidos atrasos.

O insumo foi fabricado no laboratório Wuxi Biologics, na China, de onde partiu da última quinta-feira. O laboratório chinês foi vistoriado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no fim do ano passado e é parceiro da farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca, que desenvolveu a vacina em parceria com a Universidade de Oxford, do Reino Unido.

O IFA será transportado para o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), na zona norte do Rio de Janeiro. Lá, após checagens de controle de qualidade, o insumo deve ser liberado na próxima quarta-feira para descongelamento, já que precisa ser transportado a -55°C. O degelo precisa ser feito lentamente, e somente na próxima sexta-feira deve ter início a formulação do lote de pré-validação, necessário para garantir que o processo de produção da vacina está adequado.

Apesar dos atrasos na chegada do insumo, a Fiocruz afirma que é possível manter o compromisso de entregar 100 milhões de doses até julho, como havia sido anunciado anteriormente.

Os termos do acordo entre a Fiocruz, a AstraZeneca e a Universidade de Oxford preveem que, inicialmente, o Brasil vai produzir a vacina com IFA importado. Posteriormente, Bio-Manguinhos vai nacionalizar a produção do insumo, o que deve ocorrer no segundo semestre, a partir de um processo de transferência de tecnologia. Após a nacionalização do IFA, a Fiocruz prevê produzir mais 110 milhões de doses até o fim deste ano, chegando a um total de mais de 210,4 milhões de doses.

Por Deutsche Welle

rpr (AFP, AP, ots)

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