São Paulo

500 anos: urnas funerárias indígenas são encontradas

Paulo Victor Chagas/Agência Brasil

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(Instituto Mamirauá/Reprodução)

Um conjunto de urnas funerárias de antigas tribos indígenas foi encontrado de modo intacto pela primeira vez na Amazônia, cerca de 500 anos depois de terem sido enterradas pelos antigos habitantes da região. Arqueólogos e pesquisadores descobriram os nove grandes vasos, da mesma forma como foram enterrados, na Comunidade Tauary, que fica na cidade de Tefé (AM), e agora fazem pesquisas com o material sobre a história da sociedade que ocupou o local.

O trabalho foi feito por um grupo de mais de 20 pesquisadores, entre antropólogos, biólogos, educadores e arqueólogos, pertencentes ao Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP), ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), à Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), à Universidade Estadual do Amazonas (UEA) e à Universidade Pompeu Fabra, de Barcelona.

O costume de decorar cerâmicas com pinturas coloridas faz parte da Tradição Polícroma da Amazônia, que se estende por um eixo horizontal desde a Cordilheira dos Andes até o Rio Amazonas, no Brasil. Estima-se que os povos que utilizavam a técnica viveram na região entre 600 A.C. e os primeiros anos de 1.500 D.C., quando os europeus começaram a explorar a floresta.

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De acordo com pesquisadores do Instituto Mamirauá, que organizou a expedição, outras seis urnas funerárias haviam sido encontradas no local em 2013, de modo separado. Elas são comuns na Amazônia brasileira. “Mas os pesquisadores costumam recebê-las da mão de moradores do local, que de fato encontram os artefatos e os retiram da terra. Agora, escavar e encontrar uma cova com as urnas dessa cultura, do jeito que estavam, e realizar todo o registro científico, é algo inédito”, explica o arqueólogo Eduardo Kazuo.

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Arqueólogos descobrem “cemitério” na Amazônia com urnas funerárias indígenas que podem ter mais de 500 anos. (Instituto Mamirauá/Reprodução)

Os objetos encontrados mantêm um padrão da sociedade que vivia ali. Nas tampas das urnas foram desenhadas cabeças humanas, e nos vasos é feita a representação dos corpos. Com o diagnóstico e as anotações, será possível entender melhor como vivia a sociedade.

“O interessante é que nenhum desses rostos estava ‘olhando’ para outro. Se uma urna foi enterrada com o rosto para cima, a urna ao lado dela estava ‘olhando’ para baixo, e a seguinte estava enterrada de lado. É como se elas não quisessem olhar uma para a outra. As urnas seguiam uma ordem, claramente elas foram enterradas daquele jeito e foi intencional”, conta Kazuo.

A escavação foi feita durante o mês de julho e divulgada na última semana pelo Instituto Mamirauá do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. O financiamento das atividades vem da fundação norte-americana Gordon and Betty Moore.

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