Ex-PM suspeito de matar Guilherme já é acusado de chacina
Gilberto Eric Rodrigues é apontado como comparsa do PM Adriano Campos no assassinato de adolescente em SP; em 2015, a PM mentiu sobre a fuga dele da prisão
A Polícia Civil de São Paulo identificou o segundo policial militar suspeito de ter sequestrado e matado o jovem Guilherme Guedes, 15 anos, na Vila Clara, zona sul da cidade de São Paulo. O crime aconteceu no dia 14 de junho.
Guilherme estava na frente de sua casa quando dois homens o abordaram. Horas mais tarde o corpo do jovem foi encontrado em Diadema, cidade vizinha a São Paulo e que faz divisa com a zona sul da capital paulista.
Imagens de câmeras de segurança registraram dois homens se movimentando no beco em que Guilherme estava antes de sumir. Um deles já estava identificado: o PM Adriano Fernandes de Campos, dono de uma empresa irregular de segurança, que está preso.
Segundo o delegado Fábio Pinheiro, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), o outro homem no vídeo é Gilberto Eric Rodrigues.
“Ele que pegou o Guilherme junto do Adriano e levou para matar”, resume o delegado, detalhando que Adriano dirigia o carro enquanto Gilberto estava no banco traseiro com o rapaz durante o transporte.
Gilberto é procurado pela Justiça desde que fugiu do Presídio Militar Romão Gomes, conforme revelou reportagem da Ponte em 2015. Ele respondia por participação na chacina do Jardim Rosana, quando 7 pessoas foram mortas em 4 de janeiro de 2013, em frente ao Bar do Rob.
Cinco anos atrás, o ex-PM e outro militar preso pularam uma cerca do presídio. A PM mentiu sobre a fuga, dizendo em documento enviado à Ponte que, dois meses depois do desaparecimento, Gilberto ainda estava preso no local.
A corporação relatou a fuga à Polícia Civil somente 12 dias depois dos dois fugirem. Neste intervalo, os dados pessoas e fotos dos dois não foram inseridas no banco de dados dos procurados no estado.
“Está sendo procurado por chacina, é bandidão. Homicida”, resume o delegado Pinheiro à Ponte, sobre o perfil de Gilberto.
Inicialmente, o DHPP considerava que um vigia que trabalhava para o PM Adriano Campos teria participado do crime. No entanto, ele passou da condição de investigado para testemunha protegida após dar informações relevantes para a investigação.
O assassinato de Guilherme gerou comoção e grande revolta à zona sul da capital paulista. Ao menos três protestos cobraram respostas do Estado, o primeiro deles com ônibus incendiados. Em resposta, a PM realizou abordagens violentas e agrediu moradores da região da Vila Clara.
Por Arthur Stabile – Repórter da Ponte