Milei convoca sessão extraordinária do Congresso para aprovar reformas econômicas na Argentina
O presidente eleito da Argentina, o ultraliberal Javier Milei, anunciou que vai convocar uma sessão extraordinária do Congresso para aprovar um pacote de reformas econômicas que inclui a dolarização da economia, a privatização de empresas públicas e a redução do Estado.
O presidente eleito da Argentina, o ultraliberal Javier Milei, anunciou nesta quarta-feira (21) que vai convocar uma sessão extraordinária do Congresso para aprovar um pacote de reformas econômicas que visa transformar a Argentina em um país próspero e livre.
Milei, que venceu o segundo turno das eleições presidenciais no domingo (19) com 55,7% dos votos, disse que as reformas são urgentes e necessárias para tirar o país da crise econômica e social que se arrasta há décadas.
Entre as medidas propostas por Milei, estão a dolarização da economia, a privatização de empresas públicas como as Aerolíneas Argentinas e a YPF, a eliminação do Banco Central, a redução dos impostos, dos gastos públicos e da burocracia, a abertura comercial e a flexibilização trabalhista.
“Estas reformas são fundamentais para recuperar a confiança, a credibilidade e a estabilidade da economia argentina, que hoje sofre com a inflação, a recessão, o desemprego, a pobreza, a dívida e o déficit fiscal”, disse Milei em um pronunciamento transmitido pela televisão.
Milei afirmou que as reformas serão enviadas ao Congresso nos próximos dias e que espera contar com o apoio dos legisladores de todos os partidos para aprová-las o mais rápido possível.
“Convoco o Congresso a uma sessão extraordinária para debater e votar estas reformas, que são de interesse nacional e que representam uma oportunidade histórica para mudar o rumo da Argentina. Peço aos senhores deputados e senadores que coloquem os interesses do povo acima dos interesses partidários e que sejam responsáveis com o futuro da nação”, disse Milei.
Quais são os desafios de Milei no Congresso?
No entanto, o plano de Milei enfrenta vários obstáculos no Congresso, onde o seu partido, o Liberdade Avança, não tem maioria e terá que negociar com aliados e opositores, muitos dos quais são contrários às suas propostas.
O Liberdade Avança conta com 39 dos 257 deputados e 7 dos 72 senadores na nova composição do Congresso, que assumirá no dia 10 de dezembro, junto com Milei. O partido mais forte é o União pela Pátria, do candidato derrotado Sergio Massa, que tem 105 deputados e 33 senadores. O Juntos pelo Cambio, que apoiou Milei no segundo turno, tem 92 deputados e 24 senadores.
Segundo analistas políticos, Milei terá que fazer concessões e alianças para conseguir avançar com a sua agenda no Legislativo, o que pode gerar resistências dentro do seu próprio partido e entre os seus eleitores, que esperam mudanças radicais.
“Milei tem uma fragilidade estrutural para conseguir avançar com a sua agenda no Poder Legislativo. E em um país federativo como a Argentina, onde os governadores têm um peso extraordinário, ele não tem um único governador de seu partido”, disse o cientista político argentino Sergio Berensztein à BBC News Mundo.
“Estamos diante de um presidente que terá uma enorme fraqueza”, disse Berensztein.
Além disso, Milei terá que enfrentar a oposição dos sindicatos, dos movimentos sociais, das organizações empresariais e de outros setores da sociedade civil, que podem se mobilizar contra as suas reformas, que consideram prejudiciais para os trabalhadores, os pobres, os aposentados e a soberania nacional.
“Milei vai ter que lidar com uma forte pressão social e política, que pode se traduzir em greves, protestos, bloqueios e até violência. Ele vai ter que ter muito cuidado para não provocar uma convulsão social e uma crise institucional”, disse o economista argentino Martín Tetaz à BBC News Mundo.